O aplicativo de mensagens Telegramirá recorrer da suspensão ordenada pela Justiça no Brasil, segundo um comunicado divulgado nesta quinta-feira (27) na plataforma por seu diretor executivo, Pavel Durov, no qual ele promete “defender a privacidade e a liberdade de expressão” dos usuários.
Na quarta-feira, a Justiça ordenou a suspensão temporária do Telegram por não entregar às autoridades dados solicitados sobre grupos neonazistas que agem na plataforma, em meio a uma investigação relacionada à recente onda de violência nas escolas.
De acordo com Durov, os dados solicitados são “tecnologicamente impossíveis de serem coletados” pela empresa. “Estamos recorrendo da decisão e aguardando a resolução final” do caso, acrescentou.
A Justiça determinou uma multa de R$ 1 milhão de reais para cada dia que o Telegram não colaborar integralmente com a investigação.
“Não importa o custo, defenderemos nossos usuários no Brasil e seu direito à comunicação privada”, completou Durov.
Nesta quinta-feira, o aplicativo funcionava de maneira instável, segundo usuários, que compartilharam dicas para escapar do bloqueio, constatou a AFP.
O criador do Telegram – aplicativo no qual a comunicação é criptografada de ponta a ponta – lembrou outros casos em que a empresa deixou mercados, como China, Irã ou Rússia, porque as leis locais se “opuseram” aos seus princípios de privacidade ou impuseram requisitos “tecnologicamente inviáveis”.
“Tais eventos, embora infelizes, ainda são preferíveis à traição de nossos usuários e às crenças nas quais fomos fundados”, argumentou Durov no comunicado.
A Justiça do Espírito Santo, a Polícia Federal e o Ministério Público haviam solicitado ao Telegram dados pessoais de todos os integrantes dos canais “Movimento Antissemita” e “Frente Antissemita”.
As autoridades associam esses grupos aos ataques em escolas nos últimos meses.
Em novembro do ano passado, um adolescente de 16 anos matou a tiros quatro pessoas e feriu mais de dez em duas escolas do Espírito Santo. Esse jovem interagia com grupos antissemitas no Telegram, segundo fontes policiais citadas pelo site G1.
A Justiça disse que a empresa atendeu “parcialmente” ao pedido das autoridades, e acusou-a de “não cooperar com a investigação”.