A Guarda Costeira dos EUA lançou uma operação de busca e salvamento, nesta segunda-feira (19), para um submarino que desapareceu com cinco pessoas a bordo em uma expedição aos destroços do Titanic.
As autoridades receberam um telefonema no domingo informando que o navio de pesquisa canadense Polar Prince havia perdido contato com o navio submersível e estava atrasado na verificação de suas comunicações, de acordo com a porta-voz da Guarda Costeira, tenente Samantha Corcoran.
“No momento, estamos apenas tentando usar todos os esforços e trabalhar com parceiros internacionais para tentar obter recursos para localizar com segurança todos os cinco indivíduos”, disse ela.
O submersível desaparecido perdeu contato 1 hora e 45 minutos após a descida, disse a Guarda Costeira.
A empresa que conduz a viagem, Oceangate Expeditions, disse que está “explorando e mobilizando todas as opções para trazer a tripulação de volta com segurança”.
“Todo o nosso foco está nos tripulantes do veículo submersível e suas famílias. Estamos profundamente gratos pela extensa assistência que recebemos de várias agências governamentais e empresas de alto mar em nossos esforços para restabelecer o contato com o submersível”, disse o grupo.
“Estamos trabalhando para o retorno seguro dos tripulantes”, concluiu.
O Titanic atingiu um iceberg em sua viagem inaugural e afundou no Oceano Atlântico Norte em abril de 1912, matando mais de 1.500 pessoas. Os destroços do Titanic, descobertos em 1985, estão divididos em duas partes no fundo do oceano, cerca de 13.000 pés abaixo da superfície, a sudeste da província canadense de Newfoundland.
Mais recentemente, passeios privados caros foram oferecidos aos turistas, permitindo que as pessoas vissem os destroços de perto.
Uma versão arquivada do site da OceanGate, acessível por meio do Wayback Machine, mostra o que os passageiros podem gastar até US$ 250 mil na viagem, equivalentes a R$ 1,192 milhão.
Destroços do Titanic no fundo do mar / Reuters/Arquivo“Siga os passos de Jacques Cousteau e torne-se um explorador subaquático — começando com um mergulho nos destroços do RMS Titanic. Esta é sua chance de sair da vida cotidiana e descobrir algo verdadeiramente extraordinário”, diz o site.
“Torne-se um dos poucos a ver o Titanic com seus próprios olhos”, acrescenta.
A expedição de oito dias é baseada na cidade de St. John’s, Newfoundland. A viagem começa com uma jornada de 400 milhas náuticas até o local do naufrágio.
Lá, até cinco pessoas, incluindo um piloto, um “especialista em conteúdo” e três passageiros pagantes, embarcam no submersível “Titan” e descem até o fundo do oceano.
“Assim que o submersível for lançado, você começará a ver formas de vida zunindo pela janela de visualização enquanto você afunda cada vez mais fundo no oceano. A descida leva aproximadamente duas horas, mas parece um piscar de olhos”, disse o site.
De acordo com a OceanGate, o Titan é um submersível de 23.000 libras (cerca de 10,4 toneladas) feito de fibra de carbono e titânio.
Como recurso de segurança, o submarino usa um “sistema proprietário de monitoramento da saúde do casco em tempo real (RTM)” que analisa a pressão na embarcação e a integridade da estrutura, afirma a empresa.
Ele também tem suporte de vida para uma tripulação de cinco pessoas por até 96 horas, afirma o site.
Projeto de escaneamento subaquático oferece visão inédita do Titanic
Em maio deste ano, uma equipe de cientistas usou o mapeamento do mar profundo para criar “um ‘Gêmeo Digital’ exato do naufrágio do Titanic pela primeira vez”, de acordo com um comunicado divulgado pelos investigadores da Magellan e pelos cineastas da Atlantic Productions.
Ao realizar o “maior projeto de escaneamento subaquático da história”, os cientistas conseguiram “revelar detalhes da tragédia e descobrir informações fascinantes sobre o que realmente aconteceu com a tripulação e os passageiros naquela noite fatídica” de 14 de abril de 1912.
As varreduras do naufrágio foram realizadas no verão de 2022 por um navio especializado estacionado a 700 km da costa do Canadá, de acordo com o comunicado.
Protocolos rígidos proibiam os membros da equipe de tocar ou perturbar os destroços, o que os investigadores enfatizaram ser tratado com o “máximo respeito”.
Cada milímetro de seu campo de destroços de cinco quilômetros foi mapeado em detalhes minuciosos, disse o comunicado à imprensa.
A réplica digital final conseguiu capturar todo o naufrágio, incluindo a proa e a popa, que se separaram após o naufrágio em 1912.
Parks Stephenson, um especialista que estuda o Titanic há 20 anos, elogiou o projeto como um “divisor de águas” que conseguiu desenterrar “detalhes nunca antes vistos”.
“Temos dados reais que os engenheiros podem usar para examinar a verdadeira mecânica por trás da separação e do naufrágio e, assim, chegar ainda mais perto da verdadeira história do desastre do Titanic”, observou Stephenson.
Um desses exemplos pode ser encontrado na hélice, onde o número de série pode ser visto pela primeira vez em décadas.
Cerca de 715.000 imagens e 16 terabytes de dados foram coletados durante a expedição – que a Magellan estima ser “aproximadamente dez vezes maior do que qualquer modelo 3D subaquático já tentado antes”, disse o CEO da Magellan, Richard Parkinson.
Parkinson descreveu a missão como “desafiadora”, referindo-se à luta da equipe contra “os elementos, o mau tempo e os desafios técnicos”.
Enquanto as imagens ópticas anteriores do navio eram limitadas pelo baixo nível de luz e pela baixa qualidade da luz a 12.500 pés (3,8 quilômetros) abaixo da água, a nova técnica de mapeamento “retirou efetivamente a água e deixou a luz entrar”, disse o comunicado à imprensa.
De acordo com o especialista em captura 3D Gerhard Seiffert, o “modelo 3D fotorrealístico de alta precisão” permitiu que as pessoas diminuíssem o zoom e olhassem para todo o naufrágio “pela primeira vez”.
“Este é o Titanic como ninguém nunca tinha visto antes”, acrescentou Seiffert.
De acordo com Stephenson, esse mapeamento anunciará o “início de um novo capítulo” para a pesquisa e exploração do Titanic.