Assembleia-Geral da ONU realiza reunião emergencial para discutir conflito no leste europeu
Os militares russos disseram nesta terça-feira (1º) que realizarão ataques contra instalações em Kiev, alertando os civis que vivem perto das áreas a saírem.
Enquanto isso, um comboio russo com mais de 64 quilômetros de comprimento está se aproximando da capital da Ucrânia.
*Mais informações em instantes
Ataque a prédio deixa mortos e feridos na segunda maior cidade da Ucrânia
Pelo menos dez pessoas morreram e 35 ficaram feridas em um ataque com foguetes na segunda maior cidade da Ucrânia, Kharkiv, disse o Serviço de Emergência do Estado da Ucrânia em um post do Telegram nesta terça-feira (1°).
A explosão atingiu o prédio da Administração Estatal Regional do governo, de acordo com vídeos do incidente postados pelo Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia (MOFA) e funcionários do governo. Os vídeos foram publicados também na terça-feira, no horário local, e foram verificados pela CNN.
O edifício da Administração Estatal Regional abriga escritórios do governo local. Ele está localizado na “Praça da Liberdade” – a praça principal de Kharkiv e um marco arquitetônico.
Segundo o serviço de emergência local, oito equipes trabalham no resgate das vítimas. “Há oito esquadrões de resgate de emergência no local trabalhando, com 80 funcionários e voluntários separando os destroços, arrastando-os para encontrar os feridos e os mortos. O trabalho continua”.
“A Rússia está travando uma guerra em violação do direito internacional humanitário. Mata civis, destrói a infraestrutura civil. O principal alvo da Rússia são as grandes cidades que agora são atingidas por seus mísseis”, tuitou o Ministério do Interior, que compartilhou um vídeo mostrando o ataque.
Russia is waging war in violation of international humanitarian law. Kills civilians, destroys civilian infrastructure. Russiaʼs main target is large cities that now fired at by its missiles.
📍Kharkiv, Administration building pic.twitter.com/BJgyNnDp1h
— MFA of Ukraine 🇺🇦 (@MFA_Ukraine) March 1, 2022
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kubela, disse que “ataques com mísseis russos” causaram a explosão. Ele reforçou, então, o pedido para que outros países “isolem a Rússia totalmente”.
Zelensky diz que Rússia comete “terrorismo de Estado”
Em reação ao ataque a Kharkiv, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que o míssil é “um terror absoluto e indisfarçado”. “Ninguém vai perdoar. Ninguém vai esquecer. Este ataque a Kharkiv é um crime de guerra”, afirmou o presidente nesta terça-feira.
“Pedimos a todos os países do mundo que respondam imediata e efetivamente a essa tática criminosa do agressor e declarem que a Rússia está cometendo terrorismo de Estado. Exigimos total responsabilidade pelos terroristas nos tribunais internacionais”, condenou o presidente.
Segundo ele, Kharkiv e a capital Kiev são os principais alvos russos no momento. “A defesa da capital, hoje, é a principal prioridade para o Estado. Se protegermos Kiev, protegeremos o Estado. Este é o coração do nosso país. E deve continuar batendo. E continuará batendo, para que a vida triunfe”, acrescentou o presidente.
Na segunda-feira (28), pelo menos nove civis haviam sido mortos por ataques com foguetes russos em Kharkiv, disse o prefeito Ihor Terekhov. Segundo ele, três crianças morreram.
“Os mísseis atingiram prédios residenciais, matando e ferindo civis pacíficos. Kharkiv não vê tantos danos há muito tempo. E isso é horrível”, disse ele. Uma família de dois adultos e três crianças foi queimada viva em seu carro, disse ele.
Rússia e Ucrânia voltarão a negociar cessar-fogo nesta quarta, diz agência
A segunda rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia está planejada para 2 de março, segundo a agência de notícias russa TASS nesta terça-feira (1º), citando uma fonte do lado russo.
O primeiro encontro, nesta segunda (28), foi encerrado sem acordo sobre um possível cessar-fogo para a guerra, que já persiste há seis dias.
Segundo o assessor presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, os representantes retornariam às suas respectivas capitais antes de uma segunda rodada de negociações. “As partes determinaram os tópicos onde certas decisões foram mapeadas. Para que essas decisões sejam implementadas como um roteiro, as partes estão retornando para consultas às suas capitais”, disse o assessor, após o encontro.
Podolyak afirmou que o objetivo principal da primeira rodada de negociações foi “discutir o cessar-fogo e o fim das ações de combate no território da Ucrânia”.
Presidente da Ucrânia faz apelo à União Europeia
Também nesta terça (1º), Zelensky fez em um pronunciamento ao Parlamento Europeu, por videoconferência. Ele fez um apelo para que os países provem que estão do lado da Ucrânia em sua guerra com a Rússia – um dia depois de assinar um pedido oficial de adesão ao bloco.
“Provem que vocês estão conosco. Provem que você não vão nos abandonar. Provem que vocês são realmente europeus e então a vida vencerá a morte e a luz vencerá as trevas. Glória à Ucrânia “, disse ele, em ucraniano, em um discurso traduzido para o inglês. O intérprete falou entre lágrimas, enquanto a emoção tomou conta do Parlamento.
Os parlamentares da UE, muitos vestindo camisetas com uma hashtag de apoio à Ucrânia e segurando a bandeira ucraniana, outros com lenços ou fitas azuis e amarelas, aplaudiram Zelensky de pé.
“A União Europeia será muito mais forte conosco. Sem vocês, a Ucrânia estará solitária”, acrescentou o presidente.
Comboio russo se aproxima da capital da Ucrânia
Um comboio militar de 64km de comprimento, composta por veículos blindados, tanques, artilharia rebocada e outros veículos logísticos, chegou aos arredores de Kiev, capital da Ucrânia, de acordo com imagens de satélite da Maxar Technologies.
As novas imagens surgem quando autoridades dos EUA disseram a parlamentares em briefings classificados na segunda-feira que uma segunda onda de tropas russas provavelmente consolidará as posições do país na Ucrânia e, por números absolutos, poderá superar a resistência ucraniana, de acordo com duas pessoas familiarizadas com os briefings.
Autoridades norte-americanas que antes estavam surpresas com a feroz resistência ucraniana que viu cidadãos comuns pegarem em armas agora temem que a situação esteja se tornando “muito mais desafiadora” para os ucranianos.
Rússia cobra retirada de armas nucleares dos EUA na Europa
Durante um discurso gravado exibido na Conferência sobre Desarmamento em Genebra, na Suíça, o chanceler da Rússia, Sergey Lavrov, cobrou nesta terça que os Estados Unidos retirem suas armas nucleares de países da Europa.
“É inaceitável para a Rússia que alguns países europeus sediem as armas nucleares americanas”, afirmou Lavrov. Ele também disse que o país está pronto para trabalhar com os EUA em uma “estabilidade estratégica”. O chanceler também destacou que a Ucrânia ainda possui tecnologia nuclear soviética, e que os russos “não podem falhar em responder a esse perigo”. Lavrov deveria comparecer à sessão pessoalmente, mas a visita foi cancelada, após países europeus anunciarem o fechamento do espaço aéreo para os russos.
O Kremlin, por meio do porta-voz Dmitry Peskov, também se manifestou contra o Ocidente nesta terça, anunciando que as sanções ocidentais não farão a Rússia mudar sua posição sobre a Ucrânia. Segundo Peskov, embora as negociações diretas entre Moscou e Kiev tenham começado, não há planos para conversas entre os presidentes dos dois países.
ONU registra mais de 100 civis mortos e 677 mil refugiados
A agência de Direitos Humanos das Nações Unidas informou nesta terça-feira (1º) que o conflito já matou pelo menos 136 civis, incluindo 13 crianças, além de ter deixado cerca de 400 feridos. Segundo a entidade no entanto, o número real de vítimas é provavelmente muito maior.
Ao mesmo tempo, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) divulgou que cerca de 677 mil cidadãos ucranianos estão refugiados em países vizinhos em razão dos ataques.
De acordo com Filippo Grandi, dirigente da ACNUR, 150 mil pessoas deixaram o país somente nas últimas 24 horas.
Prefeito de Kiev à CNN
Vitali Klitschko, prefeito da capital da Ucrânia, Kiev, disse a Anderson Cooper, da CNN, que está orgulhoso dos cidadãos ucranianos por defenderem seu país e vê a batalha pela frente como uma luta por seu futuro.
Klitschko disse que Kiev está sob um ataque “ininterrupto” das tropas russas e do que ele chamou de “grupos de agressão russos”.
“Nós ouvimos explosões a cada hora durante a noite passada, durante toda a noite passada, nos últimos quatro dias. As pessoas estão muito nervosas, passam muito tempo em bunkers”, disse.
“Vemos nosso futuro como um país europeu democrático e moderno. É isso. Sem discussão. É nosso objetivo. Estamos lutando por isso. Estamos lutando por nosso país. Estamos lutando por nosso sonho”, finalizou.
Nos últimos dias, a neve e a temperatura oscilando na casa de 0ºC têm representado mais uma preocupação para os moradores de Kiev, que se abrigam em porões sem aquecimento, estacionamentos subterrâneos e estações de metrô em toda a cidade.
Ataques em Mariupol
O prefeito de Mariupol, na Ucrânia, disse na manhã desta terça-feira que a cidade portuária do Sul estava sob bombardeios constantes que mataram civis e danificaram a infraestrutura, enquanto a Rússia iniciava o sexto dia de sua invasão, de acordo com a agência de notícias Reuters.
“Tivemos bairros residenciais bombardeados por cinco dias. Eles estão nos atacando com artilharia, estão nos bombardeando com GRADS, estão nos atingindo com forças aéreas”, disse Vadym Boichenko em uma transmissão ao vivo pela TV ucraniana.
Ocidente e China condenam Rússia, isolada na ONU
Países do Ocidente e a China condenaram a invasão da Ucrânia pela Rússia em discursos realizados nesta segunda-feira (28) durante uma reunião emergencial da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), convocada pelo Conselho de Segurança da entidade no domingo (27).
Entre os países-membros, o embaixador da Ucrânia junto à ONU, Sergiy Kyslytsya, foi o primeiro escalado a falar. Ele condenou as ações do governo de Vladimir Putin e, durante sua fala, afirmou que as próprias Nações Unidas estão sob ameaça, caso a Ucrânia não resista ao enfrentamento militar.
“Se a Ucrânia não sobreviver, a paz tampouco sobreviverá. Se a Ucrânia não sobreviver, a ONU não sobreviverá. Não se iludam: se a Ucrânia não sobreviver, não será uma surpresa se a democracia ruir em seguida”, declarou o embaixador ucraniano. “A única parte culpada aqui é a Federação Russa”.
Em seu discurso, o embaixador da China na ONU, Zhang Jun, defendeu a integridade dos territórios.
“Todos os países devem ter sua integridade territorial e soberania respeitadas. E os princípios da Carta da ONU devem ser respeitados, mantendo a paz”, afirmou Jun.
Ronaldo Costa Filho, embaixador do Brasil na ONU, falou na reunião emergencial, e afirmou que “ainda há tempo de parar a guerra. Este é um momento decisivo para a ONU e para o mundo”.
O embaixador declarou estar preocupado com a sucessão de eventos que levarão a um conflito mais amplo, caso os ataques da Rússia sobre a Ucrânia não parem. “Todos sofrerão, não só os envolvidos na guerra, como os que pedem uma diminuição da agressão”.
Em seu discurso, o embaixador da Rússia na ONU, Vasily Nebenzya, sugeriu que o começo dos conflitos entre seu país e a Ucrânia estaria no não cumprimento de acordos previamente estabelecidos.
“A raiz das ações atuais está há muitos anos na sabotagem e na desobediência das obrigações”, afirmou. Nebenzya complementou considerando que “recentemente, houve em Kiev um acordo para reconsiderar e para que eles cumprissem aquilo que eles assinaram em 2015”.
O embaixador se refere ao Acordo de Minsk, em que Rússia e Ucrânia se comprometeram com um cessar-fogo e com planos de reintegração das províncias separatistas do leste ucraniano. Segundo ele, o não cumprimento do tratado seria um dos motivos da invasão russa –que já entra no quinto dia de confrontos.
O embaixador francês na ONU, Nicolas de Riviere, disse que “ninguém pode desviar o olhar. A abstenção não é uma opção”.
Já o secretário-geral da organização, António Guterres, disse esperar que as negociações “produzam não apenas uma interrupção imediata dos combates, mas também um caminho para uma solução diplomática”.
Guterres descreveu a decisão do presidente russo, Vladimir Putin, no domingo, de colocar as forças nucleares da Rússia em alerta máximo como um “desenvolvimento assustador”, dizendo à Assembleia Geral que o conflito nuclear é “inconcebível”.
EUA anunciam novas medidas financeiras contra a Rússia
O Departamento de Tesouro dos Estados Unidos, por meio do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (Ofac), proibiu, nesta segunda-feira, que cidadãos norte-americanos se envolvam em transações com o Banco Central, o Fundo Nacional de Riqueza e o Ministério das Finanças da Rússia.
Ainda foram impostas sanções e bloqueios ao Fundo de Investimento Direto da Rússia e ao seu CEO Kirill Dmitriev. Segundo os norte-americanos, Dmitriev tem a confiança do presidente Vladimir Putin para arrecadar fundos no exterior para o país.
“Tomamos as ações de hoje para prejudicar a capacidade da Rússia de usar suas reservas internacionais de forma a prejudicar o impacto de nossas sanções, bem como para impedir que a Rússia acesse seu fundo de riqueza para uso em sua guerra em andamento contra a Ucrânia”, afirmou Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA.
Nações africanas no Conselho de Segurança condenam racismo na fronteira ucraniana
Representantes das três nações africanas no Conselho de Segurança da ONU – Quênia, Gana e Gabão – condenaram a discriminação contra cidadãos africanos na fronteira ucraniana durante uma reunião do CSNU na sede da ONU em Nova York nesta segunda-feira (28).
“Na emergência que se desenrola, houve relatos perturbadores sobre o tratamento racista de africanos e afrodescendentes que procuram fugir da Ucrânia para um local seguro”, disse o embaixador queniano na ONU, Martin Kimani.
O que de mais importante aconteceu nesta segunda-feira
• Prefeito de Kharkiv diz que 9 civis morreram em ataques com foguetes russos
• Ministro de Relações Exteriores do Brasil diz que portaria sobre visto humanitário será publicada até quarta (2)
• ONU estima que mais de 520 mil cidadãos ucranianos estão refugiados em países vizinhos
• Bolsonaro diz que sempre pregou o “equilíbrio” na relação entre Rússia e Ucrânia
• Meta bloqueará o acesso de estatais russas na Europa
• Nações africanas no Conselho de Segurança condenam racismo na fronteira ucraniana
• General Motors anuncia que deixará de exportar carros para a Rússia
• EUA divulgam novas sanções financeiras contra a Rússia
• Biden diz que norte-americanos não devem se preocupar com guerra nuclear
• Tribunal de Haia vai investigar Rússia por crimes de guerra e contra humanidade
• Comboio russo avançou de Ivankiv para arredores de Kiev
• Alemanha envia aviões de guerra e aeronaves de patrulha para o Mar Báltico
• Fifa e Uefa suspendem times da Rússia por guerra na Ucrânia; seleção fica fora da Copa
• Presidente ucraniano assina pedido formal de adesão à União Europeia
• Airbnb anuncia que vai abrigar até 100 mil refugiados ucranianos
• Primeira negociação por cessar-fogo acaba sem acordo entre Rússia e Ucrânia
• Na ONU, Ucrânia pede cessar-fogo; Rússia diz que acordos foram sabotados
• Quase 6.000 pessoas estão detidas na Rússia após quarto dia de protestos
• Rublo cai 30%, e Rússia sobe juros de 9,5% para 20% após enxurrada de sanções