O Rio Acre segue diminuindo e está a 30 centímetros da menor cota histórica já registrada em Rio Branco (AC), que é de 1,25 metro em outubro de 2022. Na manhã desta quarta-feira (24), a Defesa Civil municipal marcou 1,55 metro, sendo esta a menor medição para a data se analisado o mesmo período nos últimos cinco anos. (Entenda mais abaixo)
Toda a Bacia do Rio Acre está em situação de alerta máximo para seca, agravado em razão da falta de chuvas na região. Esta situação generalizada perdura há pelo menos um mês.
A situação contrasta com a vivenciada entre fevereiro e março, quando o Acre passou pela segunda maior enchente de sua história desde 1971, ano em que a medição começou a ser feita. Na época, a inundação provocada pelo Rio Acre fez com que mais de 11 mil pessoas deixassem suas casas. Agora os acreanos vivem o contrário da cheia.
Em Rio Branco, o único dia que choveu este mês foi em 8 de julho, quando houve o registro de 58,6 milímetros na capital. No entanto, em todos os outros, não teve nenhum dia sequer com chuvas. Em junho, o acumulado de chuvas durante todo mês não passou de 21,1 milímetros.
Rio Acre vivenciou cheia histórica em 2024; quatro meses depois, situação é de seca extrema em Rio Branco — Foto: Andryo Amaral/Rede Amazônica
De acordo com o Monitoramento Hidrometeorológico da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), não houve chuvas acumuladas nas últimas 24h em nenhum município banhado pelo manancial.
Já nas últimas 96h, a única cidade que houve acúmulo de chuvas foi Assis Brasil, com 19,2 milímetros. A medição do manancial, inclusive, é a única que está próxima dos 3 metros, com medição atual de 2,93 metros.
Mas, apesar da oscilação em Assis Brasil, toda a Bacia do Rio Acre está em situação de alerta máximo, com redução no nível.
Medições
Com base nos dados da Sema, se analisado este mesmo dia em Rio Branco, a medição de 2024 é a menor dos últimos cinco anos, e a única que mais se aproxima da cota histórica de 2022.
2,19
Em todo o mês, o nível mais alto registrado foi em 3 de julho, com o manancial medindo 1,86 metros em Rio Branco.
O manancial se encontra abaixo de 4 metros há mais de dois meses. Em junho, o acumulado de chuvas em Rio Branco não passou de 21,1 milímetros. O número representa apenas 34% do total esperado, que era 62 milímetros.
Nível da Bacia do Rio Acre
Bacia do Rio Acre | Nível atual – 24/7 | Alerta máximo para seca |
Assis Brasil | 2,93 metros | 3,50 metros |
Brasiléia | 0,86 metros | 3,50 metros |
Xapuri | 1,38 metros | 2 metros |
Capixaba (C. São José) | 1,24 metros | 3,50 metros |
Rio Branco | 1,55 metros | 2,69 metros |
Riozinho do Rôla | 0,99 metros | 3 metros |
Os produtores, por exemplo, relatam que a seca tem atrasado o crescimento das plantações, a exemplo do milho, da macaxeira e da melancia, já que não há chuvas significativas na região.
Contingência
O governo do estado decretou, no dia 11 de junho, situação de emergência por conta da seca e emergência ambiental por causa da redução da quantidade de chuvas e riscos de incêndios florestais. Veja detalhes abaixo.
Duas semanas depois, foi montado um gabinete de crise para discutir e tomar as devidas medidas com redução dos índices de chuvas e dos cursos hídricos, bem como do risco de incêndios florestais. O decreto com a criação deste grupo foi publicado no dia 26 de junho, em edição do Diário Oficial do Estado (DOE), e fica em vigência até dia 31 de dezembro deste ano.
No ano passado, o decreto de emergência foi publicado em outubro. O coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Carlos Batista, disse que o plano estadual de contingenciamento já foi elaborado.
Rio Acre na capital abaixo dos 2 metros — Foto: Arquivo/Defesa Civil de Rio Branco
No dia 28 de junho, o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, também assinou um decreto de emergência em razão do baixo nível do Rio Acre e da falta de chuvas.
A situação alerta para a possibilidade de um período de seca que, segundo especialistas, pode se antecipar e se tornar cada vez mais frequente em um menor espaço de tempo.
O mesmo quadro foi observado em 2016, ano com a segunda pior seca. Em 17 de setembro, o rio atingiu a menor cota histórica da época: 1,30 metro.