Os dados disponibilizados diariamente pelo Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostram que o satélite de referência detectou 526 focos de calor no Acre nessa quinta-feira (25), o que representa o pior dia do ano, até aqui, em registros de queimadas.
O banco de dados da plataforma também mostra que 65,8% dos focos detectados nesta data ocorreram em apenas dois municípios acreanos, Feijó e Tarauacá, ambos na região central do estado. Foram 232 focos no primeiro, o que corresponde a 44,1% do total, e 114 focos no segundo ou 21,7% do total.
Até a última quarta-feira (24), o Acre apresentava uma redução de focos de queimadas de 57% com relação ao mesmo período do ano passado. Com os números atualizados nesta quinta-feira, a diminuição passou a ser de 37%. São 2.066 focos de queimadas em 2022 contra 3.316 de 2021.
Vale ressaltar que deste total, 1.011 focos foram registrados apenas nesta semana, no período de 21 a 25 de agosto, o que significa que em apenas 5 dias ocorreu quase a metade da quantidade de queimadas que foram detectadas desde o dia 1º de janeiro pelo satélite de referência do Inpe.
Outro dado relevante é que tanto Feijó quanto Tarauacá aparecem entre os 10 municípios do Brasil com mais focos de queimadas nas 48 horas anteriores ao boletim desta quinta-feira. A terra do açaí em 4º lugar, com 262 focos, e a terra do abacaxi gigante em 9º lugar, com 138 focos de queimadas. A possibilidade de um aumento repentino na quantidade de queimadas no Acre foi considerada no começo desta semana pela pesquisadora Sonaira Silva, do Laboratório de Geoprocessamento Aplicado ao Meio Ambiente (LabGama), da Universidade Federal do Acre (Ufac) Campus Floresta Cruzeiro do Sul. Segundo ela, o número menor de registro, até então, vinha sendo motivado pelas chuvas.
“Sim, e espero que continue caindo, mas é importante não contar vitória, o período mais crítico está iniciando, do final de agosto até outubro. Tem muito desmatamento recente para queimar. Mesmo com a friagem, muitos registros de queimadas no entorno de Rio Branco e região têm ocorrido”, afirmou.
Qualidade do Ar
O aumento dos índices de queimadas repercute de maneira imediata nos dados disponibilizados pela Rede de Monitoramento da Qualidade do Ar do Acre, uma iniciativa do Ministério Público Estadual (MPAC) com várias instituições, entre elas a Universidade Federal do Acre e prefeituras de vários municípios.
Na noite desta quinta-feira (25), por volta das 23h, os sensores mostravam algumas cidades acreanas, como Rio Branco, Sena Madureira e Manoel Urbano, com taxas médias para 1 dia entre 55 e 150 µg/m³. A média estipulada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como normal, que é de 25 µg/m³.
No nível registrado na noite desta quinta-feira, segundo a escala da de monitoramento, todas as pessoas podem começar a ter efeitos na saúde se expostos por 24 horas àquelas condições de poluição do ar e membros de grupos sensíveis podem experimentar efeitos ainda mais graves.
Recorde em 15 anos
A atual temporada de queimadas na Amazônia registrou, na última segunda-feira (22), o recorde negativo de 3.358 focos de incêndio no intervalo de 24 horas. Essa foi a pior marca em 15 anos, de acordo com dados do Programa Queimadas, que monitora o bioma desde o ano de 1998.