A maior rede de restaurantes do planeta e uma das marcas mais populares e lucrativas que existem, o McDonald’s possui estabelecimentos em 120 países, mas, após 14 anos de esforços infrutíferos para conquistar a população boliviana, teve de fechar as portas depois de quase 15 anos por lá.
Moda não pegou entre bolivianos
O motivo fundamental do fracasso da rede dos arcos dourados na Bolívia foi o puro e simples prejuízo comercial: em resumo, a população do país não gostou do que comeu, e o McDonald’s faliu.
Chegada do McDonald’s causou comoção
Antes do fracasso, porém, a chegada do McDonald’s na Bolívia inicialmente causou comoção entre a população da capital, La Paz, onde a primeira lanchonete foi inaugurada, em 1997. O país vinha de uma de suas maiores crises econômicas e, nos anos 1990, experimentou uma abertura radical à política econômica neoliberal, que trouxe investidores estrangeiros e a rede de fast-food.
Consta que, nos primeiros dias após a inauguração, o McDonald’s de La Paz era capaz de parar o trânsito da capital boliviana: aos poucos, porém, o interesse caiu. O plano econômico naufragou na Bolívia, assim como afundou o McDonald’s.
Bolívia e orgulho de sua comida
Em um país ao mesmo tempo economicamente pobre e orgulhoso de suas tradições culinárias, a comida do McDonald’s era considerada cara e fundamentalmente ruim. Ainda assim, oito lanchonetes foram inauguradas por lá entre 1997 e 2002: as cidades de Santa Cruz de La Sierra e Cochabamba também receberas filiais.
Os esforços para conquistar o público boliviano incluíram oferecer temperos e lanches típicos, como o molho Llajua, feito com tomate e pimentas variadas, ou as famosas saltenhas, tradicional pastel normalmente recheado com carne, popular em todo o país.
As adaptações pouco adiantaram e, segundo consta, o McDonald’s na Bolívia jamais chegou a ser lucrativo. A rejeição não se deu, porém, aos hambúrgueres propriamente, já que redes locais vendem lanches semelhantes e com sucesso: a questão cultural estaria de fato no modo de preparo e no resultado em relação ao preço.
Segundo consta, o espírito do fast-food estadunidense seria o contrário da concepção boliviana de culinária: para uma refeição rápida e barata, a população preferiu seguir recorrendo às vendedoras de rua, que preparam alimentos considerados mais saborosos, bem-feitos e mais baratos.
Vale dizer que a Bolívia não é o único país que não possui sequer uma única lanchonete do McDonald’s: em Barbados, por exemplo, o restaurante inaugurado em 1996 não durou um ano e, em Bermudas, a população se juntou e proibiu qualquer rede de fast-food de ser instalada no país – no Camboja, o McDonald’s nunca sequer foi inaugurado.
A lanchonete também não é encontrada em Cuba, Haiti e em boa parte do continente africano, com exceção do Egito, da África do Sul e do Marrocos.
O caso da Islândia é famoso: a dificuldade de se obter insumos se juntou ao desinteresse da população e levou lanchonete a deixar o país em 2008. O último lanche vendido pelo McDonald’s no país segue exposto desde então, 14 anos depois – e sem apresentar qualquer sinal de deterioração.