Cruzeiro do Sul está enfrentando uma grave crise ambiental. Nos últimos meses, a cidade e a região ao redor têm sofrido com alta poluição do ar, temperaturas extremas e um aumento significativo no número de focos de calor. Os níveis de poluição atmosférica ultrapassaram os limites recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), chegando a até cinco vezes o nível aceitável.
Pesquisadores, utilizando dispositivos de medição da qualidade do ar, detectaram que a poluição em Cruzeiro do Sul alcançou 44.4 mg/m³ nesta terça-feira. Isso está muito acima do nível recomendado de 15 mg/m³ pela OMS. A situação é ainda mais preocupante quando comparada a anos anteriores, como 2005 e 2010, quando a região também enfrentou condições severas.
A Dra. Sonaria Silva, pesquisadora e especialista em ciências de florestas tropicais, já havia alertado sobre a possibilidade de uma seca extrema para 2024, semelhante aos eventos extremos registrados em anos anteriores. Ela destaca que níveis de poluição acima de 250 mg/m³ podem gerar uma emergência em saúde pública, com riscos significativos para a população em períodos prolongados de exposição.
Os dados da plataforma “Puple”, que monitora a qualidade do ar, mostram que os índices de poluição podem variar de 55 a 150 mg/m³, resultando em efeitos adversos para a saúde geral após 24 horas de exposição. A situação é ainda mais crítica para grupos sensíveis, como pessoas com doenças respiratórias pré-existentes.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, foram atendidas 1.112 ocorrências relacionadas a focos de calor no último mês, o maior índice registrado nos últimos três anos. O Tenente Luciano Alencar ressalta que a detecção de focos de calor aumentou em 178% nos últimos 30 dias, especialmente nos municípios de Feijó, Tarauacá e Cruzeiro do Sul.
O médico Abno Gadelha alerta que o aumento das queimadas e da poluição do ar eleva o risco de doenças respiratórias, especialmente para pacientes com condições pré-existentes. Ele recomenda que, em caso de complicações, a população procure inicialmente as unidades básicas de saúde, com encaminhamento para UPA ou hospitais somente em casos graves.
José Tor, agente ambiental, reforça a necessidade de prevenção e destaca que a população deve evitar queimadas e queimar lixo, alertando para as pesadas multas para aqueles que desrespeitarem as normas.
A situação exige uma resposta urgente e coordenada de autoridades e da população para mitigar os impactos das queimadas e melhorar a qualidade do ar na região.