O papa Francisco aproveitou sua visita ao Canadá que começou nesta segunda-feira, 25, para pedir perdão pelo mal que tantos cristãos cometeram contra os povos indígenas da região e lamentou a participação de sua Igreja no que descreveu como destruição cultural. “Gostaria de lhes dizer, com todo o meu coração, que estou profundamente magoado: peço desculpas pela maneira como, infelizmente, muitos cristãos adotaram a mentalidade colonialista das potências que oprimiam os povos indígenas”, declarou diante de uma multidão de indígenas das Primeiras Nações, Metis e Inuit em Maskwacis, na província de Alberta, e sentado entre os representantes dos chefes de povos indígenas e diante de mais de 2.000 pessoas, entre elas muitas vítimas desses internatos. “O lugar onde nos encontramos ecoa um grito de dor”, disse o pontífice argentino de 85 anos. A visita de Francisco ao Canadá vai durar uma semana e incluirá pelo menos cinco encontros com povos nativos.
O pontífice viajou ao Canadá a convite dos povos indígenas para se desculpar pelos abusos perpetrados nos internatos, muitos deles administrados pela Igreja Católica, onde cerca de 150 mil crianças foram arrancadas de suas famílias, enquanto estima-se que mais de quatro mil morreram em decorrência de abusos e doenças, com a maioria delas enterradas em valas comuns sem qualquer identificação. “Venho às suas terras nativas para dizer pessoalmente que estou ferido, implorar o perdão de Deus, a cura e a reconciliação, para mostrar minha proximidade, rezar com você e por você”, afirmou Francisco em espanhol, um pedido que os indígenas saudaram com aplausos.
O papa também desejou que sua presença sirva para “trabalhar juntos, para que os sofrimentos do passado dêem lugar a um futuro de justiça, cura e reconciliação”, antes de acrescentar que esta visita não é um ponto de chegada, mas um ponto de partida para este processo. Ecoando alguns dos pedidos dos indígenas à Igreja Católica, o papa assegurou que esse processo de reconciliação exigirá “uma busca séria da verdade sobre o passado e ajudar os sobreviventes das escolas residenciais a realizar processos de cura”.
Francisco, que rezou no cemitério onde estão enterradas muitas das crianças indígenas que morreram na escola Ermineskin, explicou que “é necessário lembrar como as políticas de assimilação e desengajamento, que também incluíam o sistema de escolas residenciais, foram desastrosas para o povo dessas terras”. O pontífice também se desculpou por não poder visitar outras escolas, como a de Kamloops, onde foram encontradas mais de cem corpos de crianças no ano passado, mas assegurou que conhece “o sofrimento, os traumas e os desafios dos povos indígenas em todas as regiões deste país”.
*Com informações da AFP e EFE