No último sábado (08), o Peru declarou situação de emergência a nível nacional, por 90 dias, devido à alta da incidência da doença
De acordo com a nota oficial divulgada pelo Ministério da Saúde do país vizinho ao Acre, o decreto de emergência sanitária tem duração de 90 dias e permitirá às autoridades agilizar a compra de insumos e medicamentos para fazer frente ao aumento repentino de casos notificados.
O ministro da Saúde peruano, César Vásquez, declarou que “houve um aumento significativo nas últimas semanas que nos obriga a tomar medidas como Estado para proteger a saúde e a vida da população”.
O Ministério da Saúde do Brasil informou nesta terça-feira (11) que monitora a situação de emergência sanitária causada pela Síndrome de Guillain-Barré no Peru. A pasta ressalta que a doença não é transmissível de pessoa para pessoa, e que, por isso, considera-se que há baixo risco para o Brasil.
No último sábado (8), o Peru declarou situação de emergência a nível nacional, por 90 dias, devido à alta da incidência da doença. De acordo com o alerta, até aquele momento, foram registrados 182 casos em 2023. Destes, 31 pacientes estavam internados, 147 receberam alta hospitalar e quatro morreram com a doença.
O Peru tem fronteira com grande parte do Acre e com o Amazonas, e o Ministério da Saúde esclarece que “a avaliação de cenário aponta que não há necessidade de restrição de turismo, comércio e/ou circulação de pessoas”, segundo publicação da Agência Brasil. “Uma nota técnica está sendo enviada às secretarias estaduais de saúde reforçando que a situação até o momento é de baixo risco para o país”, acrescenta.
A incidência anual é de 1-4 casos por 100.000 habitantes e pico entre 20 e 40 anos.
A síndrome de Guillain-Barré é uma doença neurológica rara na qual o sistema imunológico ataca os nervos periféricos. É classificada como uma doença autoimune, na qual o próprio sistema imunológico começa a atacar determinadas partes do corpo de um indivíduo, neste caso o sistema nervoso periférico, responsável pela comunicação entre o cérebro e as diferentes regiões e estruturas do nosso corpo.
A síndrome geralmente é desencadeada por um processo infeccioso prévio. Vários vírus e bactérias foram identificados como gatilhos, incluindo os patógenos que causam zika, dengue, chikungunya, HIV, hepatite A, B e C e covid-19.
No entanto, as autoridades de saúde apontam que “muitos vírus e bactérias foram temporariamente associados ao desenvolvimento da síndrome de Guillain-Barré, embora geralmente seja difícil provar a verdadeira causalidade da doença”. A doença é mais comum na faixa etária de 20 a 40 anos.
A doença de Guillain-Barré afeta o sistema nervoso periférico Especialistas apontam que a detecção precoce é crucial para a recuperação do paciente.
Ser tratado a tempo evita que a doença avance e afete músculos vitais para a sobrevivência, como o diafragma, que tem papel fundamental na respiração. Os primeiros sintomas costumam ser fraqueza e formigamento nas mãos e nos pés. Essas sensações podem se espalhar rapidamente e, com o tempo, paralisar todo o corpo.
A maioria das pessoas que sofrem com isso requer hospitalização. Embora a maioria dos pacientes se recupere, os casos mais graves podem ser fatais.
Segundo dados oficiais, essa doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti já causou 248 mortes só no primeiro semestre de 2023. Já são mais de 146 mil casos e a crise sanitária custou caro à então ministra da Saúde, Rosa Gutierrez.
A infectologista Raquel Stucchi, da Universidade Estadual de Campinas, no Brasil, disse à BBC Brasil que “a dengue pode ser uma explicação, mas é necessária uma análise mais ampla para garantir que outros agentes não estejam por trás dessa situação”.
*Com informações da Agência Brasil e BBC News.