Cruzeiro do Sul, Acre 24 de novembro de 2024 12:07

MPAC vai investigar morte de 4 assaltantes que invadiram fazenda; deputado quer condecorar PMs

Uma autêntico cabo de guerra deve começar a ser travado a partir desta quinta-feira (24), entre o deputado federal Coronel Ulysses Araújo (UB-AC) e o Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) por causa da morte de quatro assaltantes abatidos pela Polícia Militar em Plácido de Castro, numa troca de tiros na madrugada de terça-feira (22). Em vídeo postado em suas redes sociais, o deputado elogiou a ação da Polícia Militar e chegou a utilizar a expressão usada em ocorrências do gênero segundo a qual “quatro CPFs” foram cancelados, ao se referir às mortes.

A declaração do parlamentar veio a público no exato momento em que o MPAC anuncia a abertura de um procedimento para investigar a conduta dos policiais militares na ocorrência, sob a suspeição de que houve abuso de autoridade e rigor excessivo na ação. No MPAC, enquanto o deputado parabenizava os militares, fala-se em execução sumária.

O deputado é coronel reformado da Polícia Militar e membro da Comissão de Segurança da Câmara dos Deputados. O deputado é autor inclusive de um projeto de lei que visa reformar as audiências de custódia, quando criminosos são colocados em liberdade por decisão monocráticas de juízes de primeiro grau após serem por cometimento de crimes.

Ulysses Araújo critica o atual ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), como autor da ideia.

Em relação a caso de Plácido de Castro, o MPAC, por meio da Promotoria de Justiça Especializada do Controle Externo da Atividade Policial, instaurou uma Notícia de Fato Criminal para acompanhar as investigações da operação realizada pelo Batalhão de Operações Especiais (BOPE) da Polícia Militar.

O MPAC noticia que um grupo armado teria invadido uma fazenda na região e feito uma família refém. Durante o crime, os assaltantes obrigaram a vítima a transferir R$ 18 mil. Após a ação, os suspeitos tentaram fugir em direção à Bolívia, mas foram interceptados pela Polícia Militar. Houve troca de tiros, com três indivíduos mortos no local e um quarto falecendo após ser encontrado ferido.

Foto: Juan Diaz

A promotoria de Justiça solicitou o apoio do Núcleo de Apoio Técnico (NAT) para identificar possíveis testemunhas e verificar a existência de câmeras de monitoramento na área onde ocorreram os fatos. O objetivo do procedimento é garantir a devida apuração dos fatos e assegurar a responsabilização em casos de eventuais abusos de autoridade, disse o MPAC.

Enquanto isso, o deputado federal pretende propor a condecoração dos policiais militares envolvidos na ocorrência. Ulysses Araújo entende que os policiares militares cumpriram seus deveres e deve bater de frente com os promotores do MPAC que defendem o aprofundamento das investigações sobre as mortes.

Fotografias dos mortos são chocantes. São as fotos que apontam para possíveis execuções, já que os tiros contra os assaltantes foram disparados na cabeça e em outras regiões letais. “Queriam o quê? Que os militares fossem mortos?”, questiona Ulysses Araújo.