Morreu, no começo da noite desta quarta-feira (27), a comerciante Suanne Camelo, de 30 anos. Ela é a segunda vítima fatal da queda de um avião no município de Manoel Urbano, no dia 18 de março. A jovem havia sido transferida para o Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) de Manaus no último sábado (23). Desde a queda, ela estava em unidades de terapia intensiva (UTI).
👉 Contexto: Sete pessoas estavam a bordo da aeronave que caiu após decolar, incluindo o piloto, sendo quatro homens e três mulheres, que estavam seguindo para a cidade de Santa Rosa do Purus, distante 150 km do município de onde decolaram. Sidney Estuardo Hoyle Vega, comerciante peruano, morreu no acidente.
Ao g1, a prima da comerciante, Rhenata Chaves, confirmou o falecimento, porém disse que a família não tinha condições de se pronunciar no momento. Ela disse ainda que uma irmã de Suanne está resolvendo os trâmites para a transferência do corpo de volta para o Acre.
A Secretaria de Saúde do Acre divulgou nota lamentando o falecimento da jovem.
Transferência para Manaus
Suanne era uma das pacientes em condição mais grave desde a queda da aeronave. Ela foi a primeira a ser transferida de helicóptero de Manoel Urbano para Rio Branco e estava desde então entubada. Em condição crítica, ela chegou a ficar internada no Pronto-Socorro de Rio Branco enquanto os médicos esperavam uma melhora clínica para levá-la para uma unidade especializada fora do estado.
Quando ela foi enviada ao Amazonas a prima de Suanne, Rhenata Chaves, disse ao g1 que os ‘médicos acharam que o mais viável é tratar da condição dela como um todo e o lugar mais indicado era Manaus’.
Comerciante voltava para casa
Suanne era moradora de Santa Rosa do Purus, onde tinha um comércio, e estava voltando para casa junto do namorado, Mateus Jeferson Fonte, de 26 anos, que também está internado.
Em entrevista ao g1, a mãe de Mateus Fonte, Francisca Raimunda de Fonte disse que o filho, que inicialmente teve o estado de saúde divulgado como estável, teve uma piora no quadro após realizar um procedimento de limpeza dos ferimentos e foi encaminhado à UTI.
“Eu achei que depois que fizeram aquela limpeza nele, eu achei que ele teve uma piorazinha, porque ele subiu pra UTI. A médica falou pra mim que ele veio pra UTI por causa dos ferimentos, pra não ficar em leito, ficar entrando muita gente. O tratamento dele é delicado, ela disse. Aí quando foi no outro dia, já me ligaram pra vir aqui pegar documentação para o TFD [Transferência para Fora de Domicílio]”, explica.
Dois pacientes seguem internados em Manaus
O piloto do avião Valdir Roney de Souza Mendes, de 59 anos, e a biomédica Amélia Cristina Rocha Marques, de 28 continuam internados na UTI do Centro de Queimados de Manaus. Amélia chegou a apresentar melhora clínica. Não há novas informações sobre o estado do piloto, que teve ao menos 40% do corpo queimado.
Já o marido de Amélia, Bruno Fernando dos Santos, e a adolescente indígena Deonicilia Salomão Kalisto Kaxinawa, de 15 anos, que tiveram ferimentos mais leves e não precisaram deixar o Acre, já receberam alta.
O secretário de Saúde do Acre, Pedro Pascoal, falou sobre as transferências e agradeceu a Saúde do Amazonas. “Ofereço aqui o agradecimento a todos que participaram dessa regulação, dessa logística e dessa transferência, assim como o governo de Manaus que irá receber os nossos três pacientes e que irá garantir dessa forma o melhor tratamento para todos eles”, afirmou.
O avião Cessna Skylane 182 tinha capacidade para transportar, no máximo, quatro pessoas. Entretanto, seis passageiros e o piloto estavam dentro da aeronave no momento da queda. Além disso, o avião não tinha autorização para atuar como táxi aéreo.
Deonicilia Salomão Kalisto Kaxinawa, indígena de 15 anos, segue internada na Unidade Mista de Manoel Urbano.
Quais as causas do acidente?
Ainda não há informações sobre possíveis causas para a queda do Cessna Skyline 182. De acordo com o governo do Acre, o avião caiu logo após a decolagem, a 1 quilômetro da cabeceira da pista de Manoel Urbano (veja o mapa abaixo).
O g1questionou o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) se as causas do acidente serão investigadas. Em nota, o órgão disse que os investigadores do Sétimo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa VII), órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), foram acionados para realizar a ‘Ação Inicial da ocorrência’ envolvendo a aeronave.
“Na Ação Inicial são utilizadas técnicas específicas, conduzidas por pessoal qualificado e credenciado que realiza a coleta e a confirmação de dados, a preservação dos elementos da investigação, a verificação inicial de danos causados à aeronave, ou pela aeronave, e o levantamento de outras informações necessárias à investigação. A conclusão da investigação terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade da ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes”, complementa a nota.
Qual era a situação do avião?
O avião Cessna Skylane 182 que caiu após decolar de Manoel Urbano, tinha capacidade para transportar no máximo quatro pessoas. Entretanto, seis passageiros e o piloto estavam dentro da aeronave no momento da queda. Além disso, o veículo, que seguia rumo a Santa Rosa do Purus, não tinha autorização para atuar como táxi aéreo.
O Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB) da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aponta que o avião registrado com o prefixo ‘PT-JUN’ tinha registro para serviço aéreo privado, mas não poderia ser utilizado como táxi aéreo já que estava com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) vencido desde o dia 1º de junho de 2019.
O serviço de táxi aéreo consiste em transportar passageiros a curta distância, como é o caso destas viagens intermunicipais. Desse modo, cada passageiro paga uma quantia pela passagem e, quando alcançar a quantidade máxima de pessoas na lotação, o voo sai rumo ao destino final. Como Santa Rosa do Purus é um dos municípios isolados do estado, os meios de acesso são apenas por barco ou avião.