Cruzeiro do Sul, Acre 26 de novembro de 2024 03:58

Jovem sofre infarto e é resgatado de barco em cidade atingida por cheia histórica no Acre

Um jovem sofreu um infarto na manhã dessa quarta-feira (28) em Brasiléia, no interior do Acre, e precisou ser resgatado de barco, já que o município enfrenta a maior enchente já registrada. Davi Wendel Silva Araújo, 19 anos, foi atendido por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel em Urgência (Samu), e foi avaliado por telemedicina, que constatou a necessidade de transferência para Rio Branco.

Com a cidade tomada pelas águas, a operação para a transferência do rapaz precisou ser feita utilizando uma embarcação. Os moradores de Brasiléia e de Epitaciolândia, cidade vizinha, fazem filas para aguardar as embarcações que têm feito o transporte de moradores para várias atividades.

Foi uma dessas embarcações que levou Araújo até a ambulância em Epitaciolândia, que o levou para a capital. Uma equipe da Rede Amazônica Acre estava no local ao qual o jovem foi levado para a transferência, e flagrou o momento em que ele era colocado na embarcação.

“A gente acionou a Defesa Civil, que providenciou o transporte fluvial. Após isso, colocamos o paciente no barco, transportamos até Epitaciolândia, tinha outra ambulância lá aguardando para fazer o transporte. Foi uma logística avançada, com médico e enfermeiro até Rio Branco”, explicou o coordenador da Regional de Saúde do Alto Acre, Pablo Araújo.

Após o atendimento do Samu e a avaliação via telemedicina, o jovem ainda foi transportado por uma ambulância até a margem do Rio Acre, onde foi levado pela embarcação até a cidade vizinha. O estado de saúde do jovem na manhã desta quinta-feira (29) não foi divulgado.

Rio começou a apresentar vazante, mas segue acima da cota de transbordamento em Brasiléia — Foto: Fernando Oliveira/Arquivo pessoal

Maior enchente da história

O trecho do Rio Acre que corta o município de Brasiléia, no interior do Acre, chegou à cota histórica e deixou a cidade debaixo d’água. Pelo menos 80% da cidade está inundado.

Na medição das 9h30 de quarta-feira (28), o nível chegou a 15,56 metros no município, distante a mais de 230 km da capital Rio Branco. Com isso, superou a marca registrada em 2015 em Brasiléia, de 15,55 metros, naquela que ficou conhecida como a pior cheia da história da cidade, quando as águas do manancial cobriram 100% da área urbana do local.

O Acre enfrenta uma cheia histórica em 2024. Em todo o estado, 14.476 pessoas estão fora de casa, dentre desabrigados e desalojados, segundo a última atualização nesta quarta-feira (28). Além disto, 17 das 22 cidades acreanas estão em situação de emergência por conta do transbordo de rios e igarapés. Ao menos 23 comunidades indígenas no interior do Acre também sofrem com os efeitos das enchentes.

Porém, ainda na quarta, o rio começou a apresentar vazante. Na medição das 9h, o nível marcou 15 metros, uma redução de mais de meio metro. Às 16h de quarta, o nível reduziu para 15,55 metros, e seguiu diminuindo até às 18h, quando ficou em 15,50 metros.

Às 6h da manhã desta quinta, o nível caiu para 15,18 metros. Ainda assim, o rio segue 3,60 metros acima da cota de transbordamento, que é de 11,40 metros.