O Irã realizou a primeira execução de manifestante condenados à morte por protestos contra a morte de Mahsa Amini nesta quinta-feira, 8. Um homem, identificado como Shekari, foi enforcado por ter sido condenado por bloquear uma rua e ferir um integrante da força paramilitar Basij. De acordo Mizan Online, o veredicto preliminar do caso foi anunciado em 1º de novembro pelo Tribunal Revolucionário de Teerã e a Suprema Corte rejeitou um recurso de apelação em 20 de novembro, o que levou à execução da sentença. A justiça iraniana afirma que Shekari se declarou culpado de ter lutado e de sacar “a arma com a intenção de matar, provocar terror e perturbar a ordem e a segurança da sociedade”. A Basij é uma força paramilitar vinculada à Guarda Revolucionária, o exército ideológico do Irã. “Ele feriu de maneira intencional um basij com arma branca, enquanto este cumpria o seu dever e bloqueou a rua Sattar Khan em Teerã”, afirma a agência. Outros 10 réus correm o risco de ter o mesmo destino por participação nos protestos. Ao menos 28 pessoas, incluindo três menores de idade, podem ser executadas no país em conexão com a mobilização, afirmou no dia 2 de dezembro a ONG Anistia Internacional (AI), que também chamou de “farsa” os processos contra os manifestantes e acusou Teerã de utilizar a “pena de morte como uma ferramenta de repressão política para instigar medo entre as pessoas e terminar com a revolta popular”.
Desde o dia 16 de setembro, centenas de pessoas estão indo às ruas do Irã para manifestar contra a morte de Mahsa Amini, uma jovem curda de 22 anos que morreu após ser levada pela polícia da moral por usar trajes inadequados. As manifestações têm sido lideradas por mulheres, estudantes universitárias e alunas do Ensino Médio, que retiraram os véus em público e gritaram palavras de ordem contra o governo, enfrentando diretamente as forças de segurança. A morte de Shekari repercutiu no cenário internacional. “A execução de Mohsen Shekari deve provocar fortes reações, pois em caso contrário vamos enfrentar execuções diárias de manifestantes”, declarou Mahmood Amiry-Moghaddam, diretor da ONG Iran Human Rights (IHR), com sede em Oslo. “A execução deve ter consequências práticas rápidas e em nível internacional”, tuitou o ativista que afirmou que Shejari foi “condenado à morte em uma farsa judicial, sem o devido processo legal”. “Tirar a vida de uma pessoa é tirar a vida de todos. Vocês têm forcas suficientes?”, tuitou o ativista pela liberdade de expressão Hosein Ronaghi, libertado recentemente da prisão, advertiu o governo que “a execução de qualquer manifestante terá graves consequências para vocês”. De acordo com um balanço, publicado na quarta-feira, o IHR afirma que a repressão dos protestos provocou pelo menos 458 mortes, incluindo de 63 menores de idades. A justiça iraniana informou que mais de 2.000 pessoas foram indiciadas.
*Com informações da AFP