Cruzeiro do Sul, Acre 21 de novembro de 2024 10:09

Into volta a ter movimentação intensa com pacientes à procura por exames e atendimentos contra Covid em Rio Branco

Equipe da Rede Amazônica Acre encontrou unidade de saúde lotada nesta terça-feira (11) com pessoas com sintomas ou suspeita de infecção pela Covid-19

O Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Acre (Into-AC) em Rio Branco voltou a registrar aumento na procura por exames e atendimentos de pessoas com suspeita de Covid-19. Nesta terça-feira (11), uma equipe da Rede Amazônica Acre foi até a unidade de saúde e mostrou no Jornal do Acre 1ª Edição diversas pessoas em busca de assistência médica.

O Into-AC é a principal unidade de atendimento de casos de Covid na capital acreana. A Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) disponibilizou o Into-AC para atender esses pacientes em junho de 2020. Inicialmente, o atendimento era apenas para casos leves da doença e, com avanço da pandemia, o instituto passou a ser a unidade de referência de assistência aos pacientes infectados.

No local, a equipe da Rede Amazônica Acre conversou com pessoas que buscavam fazer o exame para descobrir se estão apenas com uma forte gripe ou com o novo coronavírus. O aposentado Manelito José de Lima, de 77 anos, foi um dos moradores da capital acreana que buscou o atendimento.

Ele fez o exame na manhã desta terça, mas falou que sentia os sintomas da doença desde domingo. “Ontem [segunda,10] estava meio ruim, mas hoje estou bacana já e não tomei remédio nenhum. Tomei as três vacinas e uma da gripe e não tomei a outra porque passou e não tomei. Fiz o exame e estou aguardando”, relatou.

A estagiária Vanessa de Araújo Gonçalves também procurou a unidade de saúde para investigar se está ou não com Covid. Ela disse que estava com uma tosse incômoda, coriza, dor de cabeça e chegou a ter febre. Vanessa tem um filho de 2 anos e 6 meses e teme pela saúde do pequeno.

“Para descartar a possibilidade de ser covid ou essa nova gripe vim fazer o exame. Infelizmente, falhei na imunização contra a gripe, agora está em falta. De Covid tomei as duas doses, o reforço é agora em fevereiro. Como mãe, principalmente, como a saúde dele é mais frágil que a nossa, há a preocupação de eu pegar e transmitir para ele porque ainda amamento e é melhor me prevenir e se tiver para me cuidar”, explicou.

Emergência

Ainda na segunda (10), o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, decretou situação de emergência na capital devido ao aumento de casos de gripe e também Covid-19, mesmo sem ter dados exatos sobre esse aumento. O decreto foi publicado nesta terça (11) no Diário Oficial do estado.

No final do ano passado, a prefeitura confirmou que Rio Branco já enfrenta situação de epidemia do vírus Influenza A. Na época, foi informado que 72 amostras de casos positivos de Influenza A foram encaminhadas para o Instituto Evandro Chagas, em Belém, para identificar qual tipagem do vírus.

O governador do Acre, Gladson Cameli, declarou situação de emergência por conta da superlotação das unidades estaduais de saúde causada pelo surto de síndrome gripal e síndrome respiratória aguda grave. O decreto foi publicado em edição extra do Diário Oficial do Estado (DOE) dessa segunda-feira (10).

Conforme o documento, dados das unidades estaduais de saúde apontam que cerca de 13 mil pessoas foram atendidas com suspeita de síndrome gripal, no período de 1º a 31 de dezembro de 2021.

Além disso, foi registrada superlotação por internações de casos de síndrome gripal nas unidades do interior e da capital, com aumento na taxa de internação de até 120%. O governo não informou quantas pessoas foram internadas com os sintomas fortes de gripe nas unidades.

Dados desatualizados

Há alguns dias os dados de novos casos de Covid-19 não refletem a realidade do cenário da doença no Acre. Isso porque, segundo a Secretaria de Saúde do estado (Sesacre), desde o início de dezembro, quando houve um ataque hacker ao sistema do Ministério da Saúde, essa leitura ficou comprometida.

No sábado (8) e domingo (9), a Sesacre chegou a suspender a divulgação de casos novos da doença alegando instabilidade do sistema de notificação ESUS-VE e da dificuldade que a equipe técnica estava tendo com a consolidação dos dados de Covid-19, referente aos testes de RT-PCR e Testes Rápidos de antígeno.

Desde o final de dezembro do ano passado, o governo já havia sinalizado uma subnotificação de casos devido à instabilidade nos sistemas Sivep-Gripe, Conecte-SUS, e e-Sus Notifica, que ocasionou a indisponibilidade das bases de dados do Ministério da Saúde, segundo a Sesacre.

Outro dado que segue sem atualização é o painel de vacinação do estado. As últimas informações foram divulgadas em 9 de dezembro do ano passado. O técnico do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde, Marcos Malveira, também atribuiu a falta de números à falha no sistema e disse que, nesse caso, ainda aguarda uma nova senha para o sistema que deve se enviada pelo Ministério da Saúde.

De acordo com informações do portal de transparência do governo, o Acre já recebeu 1.015.363 doses de vacinas e foram aplicadas 1.021.379 doses na população até o dia 9 de dezembro, data da última atualização. Das doses, 566.240 pessoas tomaram a primeira dose, 420.673 a segunda, 12.193 a dose única e 18.411 a de reforço.

Segundo o governo, o número de doses aplicadas que consta no portal refere-se aos dados já inseridos no sistema do Ministério da Saúde, cujas atualizações são realizadas pelos municípios. Por isso, pode haver atraso nas informações.

“A gente tem que enviar um e-mail notificando o Ministério da Saúde, porque ainda não temos a senha e eles respondem isso pra gente, como o Ministério está com muita demanda, a gente espera que até o fim desta semana tudo isso seja resolvido”, estima.

Sobre as alegações da Sesacre, o g1 procurou o Ministério da Saúde e ainda aguarda posicionamento. Mas, em nota enviada na segunda-feira (10), o órgão chegou a alegar que o “apagão” dos dados no Acre nada tinha a ver com o ataque hacker.

“A pasta esclarece que a instabilidade nos sistemas não interferiu na vigilância epidemiológica de síndromes agudas respiratórias, incluindo a Covid-19. O Ministério da Saúde continua realizando o monitoramento no Brasil para tomada de decisões frente ao atual cenário”, destacou.