Adriano Barros Cataiana foi morto com um tiro na cabeça dentro do ônibus. Acusado teve relacionamento com a mãe da vítima e o matou por vingança.
A Justiça aceitou a denúncia contra Natanael Silva Oliveira, de 28 anos, por ele ter matado o adolescente Adriano Barros Cataiana, de 15 anos, que foi morto no dia 12 de julho dentro de um ônibus em Rio Branco. O crime foi motivado por vingança.
De acordo com o processo, o acusado manteve um relacionamento de sete meses com a mãe da vítima e, após o término, ele ameaçava a mulher e até tentou matá-la em uma das vezes. O filho a teria defendido em uma das agressões. Em depoimento, a mãe conta que Natanael a mandava mensagens e havia dito que iria mexer com o que mais doía nela. O processo corre na 2ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Rio Branco e Auditoria Militar.
Na denúncia, assinada pelo promotor Efrain Enrique Mendoza, ele relembra uma das frases da mãe ao chegar no local do crime e ver o filho morto. “Meu Deus, acorda meu filho, por favor meu filho, meu amor.”
Ainda segundo o processo, a mãe contou que sabia que o acusado faz parte de uma facção criminosa. Ele segue preso na Unidade de Recolhimento Provisório (URP). O promotor pede que ele seja julgado por homicídio qualificado por motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima.
“Conforme investigações, foi apurado que o denunciado teria sido por um período de tempo padrasto da vítima, visto que teve um relacionamento com a genitora dele. Todavia, na data da ocorrência do crime o relacionamento já havia terminado. Assim, a motivação para o crime foi deveras torpe, uma vez que se deu em razão de vingança do denunciado pelo fim do relacionamento com a genitora da vítima”, destaca o documento assinado pelo promotor.
Além disso, o promotor anexou fotos de Adriano no dia a dia com a família e trabalhando, ajudando o pai em alguns bicos. Segundo o promotor, o material vai comprovar que o estudante era inocente, um jovem cheio de planos que foram interrompidos pelo acusado.
“Busca evidenciar a lacuna irreparável que a perda desse jovem representa para todos que o amavam”, pontua.
O acusado tem 10 dias, a contar de segunda-feira (4), para apresentar defesa da denúncia feita pelo Ministério Público do Acre (MP-AC). O acusado também informou no processo que sofre ameaças de morte por grupos criminosos.
Processo anexa fotos mostrando que Adriano era muito família e trabalhador — Foto: Reprodução
O crime
Adriano Barros Cataiana foi morto com um tiro na cabeça quando ia para a escola em um ônibus no bairro Tancredo Neves, região da Parte Alta da cidade. Uma hora antes, o adolescente Júnior Henrique Miranda, também de 15 anos, foi assassinado com tiro no bairro Santa Inês depois de sair da aula, na Escola Estadual Antônia Fernandes.
O tio da vítima, Jomar Machado disse à reportagem que o acusado foi denunciado várias vezes devido às agressões contra sua sobrinha, porém não chegou a ser preso.
Adriano era apaixonado por cavalos e estava em Rio Branco somente há três meses quando foi morto — Foto: Reprodução
“Ele espancou minha sobrinha várias vezes, por duas vezes furou ela que quase matou. Se a segurança Pública tivesse feito o trabalho direito, ele não tinha feito isso com meu sobrinho. Estávamos tentando proteger minha sobrinha há uns três meses desse rapaz. Ele tinha feito muitas ameaças, nos últimos dias ele mandou uma mensagem aqui para a casa da minha irmã dizendo que ia tocar no que ela mais amava, mas a gente não suspeitava que ele ia fazer uma coisa dessas com o filho dela”, relatou o tio na época.
A família clama por justiça e contou que o adolescente estava há três meses em Rio Branco. “Veio estudar e estava sentado no ônibus indo para escola, quando ele atirou pelas costas sem o menino nem ver ou saber. Não ameaçava ninguém, era um rapaz muito tranquilo. A gente lamenta o que aconteceu, ele era um rapaz jovem, bem criado, sempre gostou de colônia, gostava de cavalo. Nós só queremos que a justiça seja feita”, concluiu.
Adolescente foi morto dentro do ônibus no bairro Tancredo Neves em junho deste ano — Foto: Arquivo pessoal