O Hamas anunciou que Ismail Haniyeh, chefe do gabinete político, disse aos mediadores do Catar e do Egito que o grupo concordou com a proposta de um acordo de cessar-fogo na guerra em Gaza. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (6).
O comunicado diz que Haniyeh “fez um telefonema ao primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, e para o ministro de Inteligência egípcio, o Sr. Abbas Kamel, e informou-os sobre sua decisão de aceitar a proposta de cessar-fogo.”
Primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou que acordo aceito pelo grupo está longe do que o governo israelense queria, mas que irá enviar uma delegação para negociar termos.
Não está claro se o Hamas concordou com a proposta desenhada na semana passada, ou uma versão revisada dela.
O ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry, e dos Emirados Árabes Unidos, Sheikh Abdullah bin Zayed Al Nahyan, afirmaram em um telefonema nesta segunda-feira (6) a importância de não desperdiçar “a oportunidade disponível” para chegar a um acordo de cessar-fogo em Gaza, disse o Ministério das Relações Exteriores egípcio em um comunicado.
À medida que a notícia se espalhou em Gaza do anúncio do Hamas, houve celebrações nas ruas em vários lugares, incluindo em Deir el Balah, no centro de Gaza e na Cidade de Gaza.
Uma fonte diplomática familiarizada com as conversações disse à CNN que depois de uma reunião de um dia em Doha, capital do Catar, entre o diretor da CIA, William Burns, e o primeiro-ministro do Catar, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, os mediadores convenceram o Hamas a aceitar um acordo de três partes.
“Depende realmente do (primeiro-ministro israelense) Benjamin Netanyahu”, disse a fonte.
Reação internacional
A Casa Branca disse nesta segunda-feira (6) que está revisando uma resposta do Hamas a proposta de cessar-fogo e libertação de reféns, mas se recusou a dar detalhes do que foi acordado.
“Queremos tirar esses reféns, queremos um cessar-fogo por seis semanas, queremos aumentar a assistência humanitária”, disse John Kirby, porta-voz da Casa Branca, dizendo que chegar a um acordo seria o “melhor resultado absoluto.”
Kirby disse ainda que a resposta do Hamas ocorreu depois que o presidente dos EUA, Joe Biden, e o primeiro-ministro Benjamin Natanyahu falaram mais cedo nesta segunda-feira (6).
Os EUA receberam a resposta na “última hora, 90 minutos”, disse Matthew Miller do Departamento de Estado americano. “Eu não quero caracterizar a natureza dessa resposta ainda”, disse ele.
Miller reiterou que um acordo é do “melhor interesse” tanto dos israelenses quanto dos palestinos.
“Isso traria um cessar-fogo imediato, permitiria um maior movimento de assistência humanitária e, portanto, vamos continuar a trabalhar para tentar alcançar um”, acrescentou.
O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, pediu que o governo de Israel e o Hamas “se esforcem para fazer um acordo se tornar realidade e parar com o sofrimento”, disse o porta-voz de Guterres.
O presidente turco, Tayyip Erdogan, saudou a decisão do grupo Hamas de aceitar um cessar-fogo em Gaza, acrescentando que espera que Israel faça o mesmo.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, pediu à comunidade internacional que pressione Israel a aceitar uma proposta de cessar-fogo na Faixa de Gaza apresentada pelo Egito e pelo Catar, informou a agência de notícias oficial palestina WAFA.
Libertação de reféns
O anúncio do Hamas “deve abrir caminho para o retorno dos 132 reféns mantidos em cativeiro pelo Hamas nos últimos 7 meses”, disse o Fórum de Famílias de Reféns em um comunicado.
As autoridades israelenses acreditam que 128 reféns feitos nos ataques de 7 de outubro permanecem em Gaza, e que pelo menos 34 deles estão mortos.
“Agora é o momento para todos os envolvidos, para cumprir seu compromisso e transformar essa oportunidade em um acordo para o retorno de todos os reféns”, disse o comunicado.
Operação em Rafah
A notícia chega poucas horas depois de Israel ter ordenado aos palestinos que viviam em Rafah, uma cidade no sul de Gaza, que “saíssem imediatamente”.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que o gabinete de guerra do país decidiu continuar com a operação militar na cidade.
Mais cedo, os militares israelenses afirmaram que estão conduzindo ataques direcionados contra o Hamas no leste de Rafah.
A ordem levantou temores de que o ataque de Israel à cidade, há muito ameaçado, pudesse ser iminente. Mais de 1 milhão de palestinos fugiram para Rafah, onde se acredita que o Hamas se reagrupou após a destruição de grande parte do norte de Gaza por Israel.
Uma fonte familiarizada com os planos israelenses disse à CNN que uma incursão limitada em Rafah tinha como objetivo manter a pressão sobre o Hamas para que concordasse com um acordo de cessar-fogo e libertação dos reféns.
Um possível cessar-fogo temporário
O acordo mais recente, que Israel ajudou a criar, mas não concordou totalmente, pede a libertação de 20 a 33 reféns durante várias semanas em troca de um cessar-fogo temporário.
Ele também pede a libertação dos prisioneiros palestinos, seguido pelo que as fontes descrevem como a “restauração da calma sustentável”, durante a qual os reféns restantes, soldados israelenses cativos e os corpos de reféns seriam trocados por mais prisioneiros palestinos.