Um fotógrafo ficou gravemente ferido após ser atingido na cabeça pela polícia durante um protesto na Argentina, na quarta-feira (12). Pablo Nahuel Grillo, de 35 anos, registrava a manifestação no momento em que foi atingido por uma bomba de gás lacrimogêneo.
O pai do fotógrafo afirmou que a situação do filho é “muito grave” e que ele foi operado em um hospital em Buenos Aires.
Um vídeo registrou o momento em que Grillo é atingido. Nas imagens, o fotógrafo está agachado atrás de um objeto pegando fogo, quando cai. Ele foi socorrido por outros manifestantes e encaminhado para o hospital.
O ferimento do fotógrafo foi causado pelo impacto da cápsula da bomba em sua cabeça, segundo o jornal argentino “La Nación”. No vídeo é possível ver a bomba de gás lacrimogêneo soltando fumaça logo atrás de Grillo.
O caso aconteceu em meio ao confronto entre agentes de segurança e manifestantes que marchavam para pedir reajustes nas pensões e melhores condições para aposentados, em Buenos Aires. Torcidas de futebol integram o movimento, que acabou ganhando força na região do Congresso.
“Por culpa de uma bêbada filha da p… e de um desequilibrado que fala com um cachorro morto, a vida do meu filho está em risco”, afirmou Fabian Grillo, pai do fotógrafo, referindo-se à ministra de Segurança, Patricia Bullrich, e ao presidente Javier Milei. “Ser militante é um orgulho. Ele também é militante, mas é fotógrafo e estava trabalhando de forma independente. Ele sempre documenta quando há esse tipo de atividade”, completou.
O governo Milei lamentou o ocorrido, que chamou de “acidente não previsto” e “consequência lamentável” dos protestos.
Fotógrafo é atingido na cabeça durante protesto contra Milei na Argentina e fica em estado grave em 12 de março de 2025. — Foto: Reprodução/redes sociais
“Claro que tentaremos esclarecer a situação. É verdade que esse tipo de episódio [protestos] gera essas consequências, esses acidentes não previstos. A polícia não lança gás lacrimogêneo diretamente em uma pessoa, lança para que caia e provoque a dispersão dos manifestantes, para os desmobilizar. Às vezes, pode acontecer uma situação que gere um acidente lamentável. Espero que a pessoa ferida possa se recuperar”, afirmou o chefe de Gabinete do governo, Guillermo Francos.
O jornal argentino “Clarín” informou que 60 pessoas foram detidas durante a manifestação. Além disso, as autoridades argentinas disseram que seis policiais ficaram feridos. Outro vídeo também registrou uma aposentada que ficou ferida ao ser empurrada por um policial e bater a cabeça.

Fotógrafo é atingido na cabeça durante protesto contra Milei na Argentina e fica em estado grave em 12 de março de 2025. — Foto: Reprodução/redes sociais
O confronto
A confusão começou após os policiais iniciarem uma ação para desbloquear uma rua ocupada pelos manifestantes e montar um cordão para impedir o avanço para o Congresso, segundo o jornal “Clarín”.
Imagens mostraram participantes do protesto jogando objetos contra agentes de segurança, que reagiram com jatos de água e gás lacrimogêneo. Um carro da polícia foi incendiado.
Depois, o confronto avançou pelo Centro Histórico de Buenos Aires, chegando próximo à Casa Rosada, que é a sede do governo argentino.
Aposentados argentinos estão fazendo marchas semanais para reivindicar reajustes nas pensões. Eles alegam que perderam poder de compra devido à inflação e às recentes medidas econômicas do governo.
Nesta semana, torcedores organizados resolveram participar da manifestação. Isso levou o Ministério da Segurança Nacional a endurecer medidas para conter possíveis conflitos.
O governo também determinou que torcedores envolvidos em bloqueios de vias poderiam ser impedidos de entrar nos estádios de futebol.

Manifestação de torcedores e aposentados contra as políticas de ajuste do presidente argentino Javier Milei, em Buenos Aires, Argentina, 12 de março de 2025. — Foto: Reuters/Agustin Marcarian