Novas declarações feitas pelo superintendente da Polícia Federal (PF) no Amazonas, Eduardo Fontes, ao Jornal Nacional, em reportagem divulgada na noite desta quinta-feira (23), não descartam um envolvimento de um mandante na morte do indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips.
“É possível ter um mandante. A investigação ainda está em andamento, mas a gente está apurando tudo e nós não vamos deixar nenhuma linha investigativa de lado e vamos apurar de forma técnica e segura para dizer o que efetivamente aconteceu e o que não aconteceu”, disse o delegado da PF/AM.
No dia 17 de junho, a PF divulgou que as investigações sobre a morte de Bruno e Dom apontam que não houve mandante ou organização criminosa envolvida no crime.
A nota divulgada pelo comitê de crise, coordenado pela PF, diz que a apuração continua e novas prisões podem ocorrer, mas as investigações “apontam que os executores agiram sozinhos”.
Perícia na embarcação
Na manhã desta quinta-feira (23), os peritos foram até o galpão onde a lancha está guardada, em Atalaia de Norte. Além do casco da embarcação, foram analisados o motor e galões de gasolina.
A polícia localizou a lancha, no domingo (19), no fundo do rio Itacoaí. A embarcação estava a cerca de 20 metros de profundidade, emborcada com seis sacos de areia para dificultar a flutuação, a uma distância de 30 metros da margem direita do rio.
Os peritos vão tentar identificar vestígios de sangue, amassados e marcas de tiro na embarcação para refazer a dinâmica do crime. O laudo deve sair em ate 30 dias.
Liberação dos corpos
Em Brasília, a perícia liberou os corpos de Bruno e Dom para os familiares.
O avião com o corpo de Dom chegou ao Rio de Janeiro no fim da tarde desta quinta-feira (23). Familiares estavam à espera. A cremação acontece no domingo (26).
O velório e o enterro de Bruno serão na sexta-feira (24), em Paulista, na região metropolitana de Recife.
4º suspeito se apresenta à polícia de SP
Em São Paulo, Gabriel Pereira Dantas se apresentou em uma delegacia. Ele afirmou que participou dos assassinatos, juntamente com Amarildo da Costa de Oliveira, o irmão dele, Oseney, e Jefferson da Silva Lima, que estão presos.
A Justiça de São Paulo mandou o pedido de prisão da polícia para ser avaliado pela juíza responsável pela condução do caso, em Atalaia do Norte.
Também estão presos:
- Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como “Pelado”, confessou o crime;
- Oseney da Costa, o “Dos Santos”, irmão de Amarildo;
- Jeferson da Silva Lima, o “Pelado da Dinha”, que apontou para polícia o local onde a lancha usada por Bruno e Dom foi afundada, no rio Itaquaí.
Motivação
A motivação do crime ainda é incerta, mas a polícia apura se há relação com a atividade de pesca ilegal e tráfico de drogas na região. Segunda maior terra indígena do país, o Vale do Javari é palco de conflitos típicos da Amazônia: desmatamento e avanço do garimpo.
-Com informações de Alexandre Hisayasu, da Rede Amazônica