Câmbio fecha abaixo de R$ 5,20 pela primeira vez em 2022; Ibovespa recupera os 114 mil pontos e volta ao patamar de outubro
Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro fecharam no campo positivo nesta terça-feira, 15, com o arrefecimento da tensão na fronteira da Ucrânia após o governo russo ter afirmado que vai retirar parte das tropas da região. No cenário doméstico, investidores seguiram acompanhando os projetos no Congresso para buscar barrar a alta dos combustíveis e os impactos das medidas nas contas do governo. O dólar registrou queda de 0,72%, cotado a R$ 5,181 — a menor cotação desde 6 de setembro e a primeira vez abaixo de R$ 5,20 neste ano. O câmbio chegou a bater a máxima de R$ 5,217, enquanto a mínima não passou de R$ 5,167. A divisa norte-americana encerrou a véspera com recuo de 0,46%, a R$ 5,219. Seguindo a recuperação dos mercados globais, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, fechou pelo sexto dia em alta, com avanço de 0,82%, recuperando os 114.828 pontos. Este é o maior patamar para o pregão desde 15 de setembro. O principal indicador da B3 encerrou esta segunda-feira, 14, com alta de 0,29%, aos 113.899 pontos.
Mercados em todo o mundo repercutiram a diminuição dos sinais de invasão da Ucrânia por tropas russas após o presidente Vladimir Putin afirmar que pretende iniciar negociações com os Estados Unidos e a Otan para diminuir a tensão. Em coletiva ao lado do líder alemão, Olaf Scholz, o russo ressaltou que não busca resolver a situação por meio das armas. Mais cedo, o Ministério da Defesa da Rússia informou que parte das tropas que realizavam exercícios em distritos militares na fronteira com o país vizinho estão retornando para as bases. Apesar das sinalizações, o presidente dos EUA, Joe Biden, reafirmou que uma ação militar dos russos na Ucrânia ainda é uma forte possibilidade e fez novas ameaças de sanções ao governo de Putin. O presidente Jair Bolsonaro (PL) aterrissou em Moscou nesta terça-feira. Na quarta-feira, 16, ele tem uma reunião com o líder russo, e também deve se encontrar com empresários locais e brasileiros.
Na pauta doméstica, as atenções seguiram nos desdobramentos do governo e do Congresso para fechar acordo em um projeto que freie a alta dos combustíveis. Inicialmente, as tratativas apontavam para uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que incidisse sobre a renúncia fiscal de todos os combustíveis. A medida, no entanto, encontra resistência no Ministério da Economia, que defende mudanças apenas na tributação do diesel. Os embates geram temor aos investidores por indicarem aumento dos gastos públicos em meio ao processo eleitoral. Para analistas, o crescimento da desconfiança com as contas do governo pode levar ao avanço do dólar e neutralizar os benefícios propostos pela PEC.