Está disponível no You Tube, o vídeo documentário: Clementino, Filho da Selva – Fragmentos de uma História. A produção registra e conta um pouco da trajetória do artista visual e grafiteiro Clementino Almeida (Tino Txai), que é acreano de Xapuri.
No trabalho, o artista fala sobre sua história de mais de 25 anos estudando e trabalhando com artes em geral. O começo de tudo, suas viagens, fotos de trabalhos em diversos espaços culturais, premiações e participação em festivais de Graffitti.
“Sou filho da Selva porque nasci na floresta, nas matas do seringal Nova Amélia, na colocação Bom Lugar, em Xapuri, no Acre. Sou filho da Selva porque minha mãe se chamava Selva Almeida de Lima. Ela que foi uma cabocla, ribeirinha, extrativista, seringueira, cozinheira e dona de casa”, conta.
Clementino diz que a luta da mãe muito lhe inspirou para desenvolver a arte que produz, sendo o nome dela base das temáticas que desenvolve, tendo uma grande representatividade como “grito de guerra que ecoa de dentro da floresta para o mundo, um grito de resistência”, explica.
O documentário também mostra uma entrevista no atelier do artista, onde ele fala sobre o seu processo criativo, registro de obras e um pouco do seu dia a dia em uma área de floresta onde produz seu trabalho com artes visuais e o cultivo de plantas medicinais, agrofloresta, catalogação de espécies e sua inspiração.
No final do vídeo, ele aparece produzindo um mural em uma escola de Xapuri, onde representa a cultura, os saberes e fazeres de personagens da cidade: seringueiros, ribeirinhos, a biodiversidade e a história do Acre – lendas, causos, fauna e flora amazônica pintadas nas técnicas de Graffiti.
“De um modo poético e performático, o documentário passa uma visão da realidade das artes urbanas desde as grandes capitais do país, países da fronteira com o Acre, comunidades indígenas dos povos originários, chegando até a alagação que atingiu as casas das famílias ribeirinhas, com as cheias dos rios Acre e Xapuri em março de 2024”, diz Clementino na descrição do vídeo no Facebook.
O documentário é um trabalho que foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo, por meio do Edital nº 003/ 2023 – Edital de Premiação: Áudio Visual, Produção, Salas de Cinema, Cinema Itinerante ou Cinema de rua, Mostras, Festivais e Formação.
Participantes do projeto:
Direção e produção: Clementino Almeida
Edição de vídeo e finalização: Alessandro Lima
Assistente de pintura: José Francisco (Jota)
Roteiro: Clementino Almeida
Imagens: vídeos, fotografias, drone
Alessandro Lima, Uêner Amorim, José Francisco (Jota), Clementino Almeida, Dasu, Huni Kuin
Arte gráfica: – Alessandro Lima
Trilha sonora indígena: Evanildo Dasu Huni Kuin, Shane Sere, Tsâmaty Huni Kuin, Ika Mayani Huni Kuin
O artista
Clementino Almeida de Lima, de 40 anos, é filho de Selva Almeida de Lima e José Borges de Lima, nasceu no Seringal Bom Lugar, em Xapuri – AC. Ele desenha desde os três anos de idade, quando brincava no fogão à lenha de sua mãe, utilizando materiais da floresta como carvão e urucum.
Passou a ter contato com os livros didáticos relacionados à arte aos sete anos, quando teve a oportunidade de fazer o curso básico de desenho pelo Instituto Universal Brasileiro. A partir de então, começou a desenhar cenários de peças teatrais e desfiles comemorativos das escolas de Xapuri.
Residindo em Rio Branco desde 2005,Clementino integra o grupo de artistas urbanos, atuando em parques, feiras e escolas. Já desenvolveu trabalhos publicitários para o Governo do Estado e fez exposições em vários lugares do estado, entre eles o Tribunal de Justiça do Acre (TJAC), em 2016, com o trabalho intitulado “Magia da Floresta”.