O Cruzeiro passa por um momento de colocar a casa em ordem e reajustar a realidade ao momento, ainda delicado, na parte financeira. Um retrato do momento foi detalhado pelo CFO (diretor financeiro) da Raposa, Raphael Vianna, em uma participação num seminário realizado sobre a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) no Brasil.
Segundo Raphael Vianna, no evento realizado pela associação TMA Brasil, a gestão Ronaldo reduziu em 60% o orçamento previsto anteriormente pela associação (comandada por Sérgio Santos Rodrigues) para 2022. Mas ainda buscam mais reduções.
– A gente reduziu a folha do futebol de 60%. Saímos de R$ 90 milhões para algo em torno de R$ 37, R$ 35 milhões. Não conseguimos chegar a todas as reduções que a gente queria, porque o negócio do futebol é muito de longo prazo. As decisões são extremamente caras. As decisões que você faz agora elas vão te acompanham nos próximos três, cinco anos.
Vianna foi uma das pessoas contratadas por Ronaldo logo no começo da transição. O profissional tem a primeira experiência a fundo no futebol, mas foi muito bem indicado à gestão do Fenômeno na época.
Ele revelou que o perigo de Ronaldo Fenômeno deixar a operação e desistir da aquisição de 90% das ações da SAF do Cruzeiro era real. De acordo com ele, se o conselho deliberativo não aprovasse as exigências do atual gestor celeste, a sua equipe deixaria o Cruzeiro.
– Durante a diligência, a gente percebeu que precisava da autorização do conselho. Se os pontos não fossem aprovados, no início de abril, provavelmente a gente sairia da operação. Para ter mais segurança legal, a gente pediu essa autorização, que era possibilidade de o Cruzeiro entrar em RJ (recuperação judicial) e RE (recuperação extrajudicial), que é algo bastante complexo, e as vendas dos centros de treinamento para a SAF, que antes seriam alugados. Foi feito em troca do pagamento da dívida tributária do Cruzeiro.