Cruzeiro do Sul, Acre 25 de novembro de 2024 03:42

Defesa Civil afirma que o nível do rio Juruá está dentro da normalidade, mas ribeirinhos manifestam preocupação

Em relação à elevação do nível do Rio Juruá em Cruzeiro do Sul, a Defesa Civil informou que a situação ainda está dentro da normalidade. Entretanto, segue monitorando o manancial. Até às 10 horas da manhã desta segunda feira, o rio Juruá, apresentou uma leve redução no nível, marcando 11 metros e 80 centímetros, após alcançar mais de 12 metros durante a semana passada. A cota de alerta do rio é de 11 metros e 80 centímetros, e a de transbordo, 13 metros.

“A gente acredita que até quarta-feira o rio volte a subir, pois nas últimas 24 horas, foram 33 milímetros de chuva e, nas últimas 48 horas, 55mm. Mesmo com baixa nesse momento, o rio amanheceu com 11,88m (8 centímetros acima da cota de alerta), indicando que a vazão não está tão grande. Temos uma vazão de 2180m³ por segundo. Então, significa que mais água vai chegar por aí”, afirma José Lima, Coordenador da Defesa Civil.

Em fevereiro do ano passado, Cruzeiro do Sul viveu uma cheia histórica, momento em que mais de 33 mil pessoas foram atingidas. A prefeitura chegou a decretar estado de emergência. Com o nível do rio oscilando, o coordenador explica que não foi registrada ainda nenhuma intercorrência, mas que a Defesa Civil já tem o plano de contingência pronto.

“Tranquilo em relação às retiradas, a gente só começa a remover à partir da cota de transbordo. Isso já gera um incômodo para essas famílias, que têm dificuldade para se locomover, visto que está inundado debaixo de suas casas”.

Os mais afetados são as pessoas que residem às margens do Rio Juruá, pois temem que uma nova enchente possa obrigá-los à deixarem suas casas.

“Nesse ‘levanta e levanta’ a gente perde muito. Eu perdi um guarda louça grande novo, pois moro só. E assim, vai acabando tudo. E muita gente aqui também perdeu bastante coisa. É muito perigoso, né? Olha o jeito que já está. Só Deus vai determinar se vai alagar ou não”, relata José Saraiva, morador.

Outra dificuldade são os animais peçonhentos. A dona de casa Naiara dos Santos, com crianças em casa, teme que o pior aconteça:

“Aparece cobra, rato, sapo… é tudo. Um dia desses, uma cobra medonha ia me mordendo ali atrás. A gente tem que ficar aguentando quando alaga, quando seca, essas coisas que vocês estão vendo. Se for chover, já vai alagar de novo. Um dia desses um menino matou um jacaré bem pequeno ali. O pessoal só aparece aqui quando é época de eleição, pois aí, eles precisam da gente. Muitas vezes, nem a Defesa Civil aparece por aqui. Só vemos eles falando pela televisão, rádio e tal. Mas pra vir aqui e ver nossa situação, eles não vêm. E, se reclamamos, a resposta é que a culpa é nossa por morarmos aqui. Se nós tivéssemos um lugar melhor para morar, nós não estaríamos aqui”(sic).