Em outubro de 2021, o Programa de Inovação Aberta em Mandioca da Embrapa atraiu empresas, instituições e outros agentes do setor produtivo interessados em desenvolver soluções tecnológicas por meio dos mecanismos de inovação aberta previstos no Marco Regulatório de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I). “O objetivo foi incentivar empresas privadas a apresentarem suas ideias para novas tecnologias e desenvolvê-las em conjunto com nossos cientistas”, conta o pesquisador Francisco Laranjeira, chefe-adjunto de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa Mandioca e Fruticultura e coordenador do programa.
Das 13 propostas selecionadas, três são ligadas diretamente a pequenos produtores: “Agricultura orgânica, tradições culturais e alimentos sustentáveis entre as famílias quilombolas” (Associação Comunidade Bete II Revivência Quilombola, São Gonçalo dos Campos, BA), “Desenvolvimento da farofa de Cruzeiro do Sul, Acre” (Cooperativa de Produtores Rurais, Agricultores e Extrativistas do Juruá – Cooprafej, Juruá, AC) e “Tecnologia para o processo produtivo de farinha de mandioca no estado do Maranhão” (Agronomic Consulting, Água Doce do Maranhão e Araioses, MA).
Desde o início dos anos 1990, como aliado à pesquisa convencional, o programa usa a metodologia participativa, que envolve agricultores familiares, indígenas e quilombolas, e se tornou uma ferramenta eficiente para elevar o nível de adoção e difusão das variedades geradas pelas pesquisas, agilizando a sua incorporação pelos produtores e ampliando a diversidade genética de mandioca nas lavouras.
Tentando preservar o saber fazer acumulado por gerações e que ainda está presente nas diferentes regiões brasileiras, a Embrapa tem apoiado, também, famílias que usam a mandioca como principal ingrediente em receitas tradicionais e produtos artesanais, inventariado estes produtos e receitas ancestrais.
A presença da Embrapa é percebida também por representantes legais de associações, institutos e cooperativas no apoio à obtenção da Indicação Geográfica (IG), que identifica produtos ou serviços com características genuínas que os vinculam à região de origem. Fornecidas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), as IGs têm sido associadas a estratégias de organização de cadeias produtivas na agricultura familiar. É o caso da farinha de Bragança — produzida nos municípios paraenses de Augusto Corrêa, Bragança, Santa Luzia do Pará, Tracuateua e Viseu, que recebeu a IG em 2021 e teve apoio da Embrapa Amazônia Oriental (PA) —, da farinha de Uarini — produzida por ribeirinhos do Médio Solimões (AM), que obteve a IG em 2019 com apoio da Embrapa Amazônia Ocidental (AM) — e da farinha de Cruzeiro do Sul (AC), reconhecida em 2017 e apoiada pela Embrapa Acre (AC).