A conselheira do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Naluh Gouveia, encaminhou uma carta aos vereadores da Câmara Municipal de Rio Branco, pedindo a suspensão da concessão do título de cidadão rio-branquense ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que deve receber a honraria na sexta-feira (22).
A concessão do título é de autoria do vereador João Marcos Luz (PL), líder do prefeito Tião Bocalom no parlamento. O pedido foi aprovado por unanimidade entre os vereadores.
Na carta, Naluh expressa o descontentamento com a concessão do título e traz a tona as regras especificadas no Decreto Legislativo N°21/2019 da Câmara, que trata sobre a entrega do título.
No decreto, fica claro que o título só pode ser concedido ”a pessoas físicas nacionais e estrangeiras radicadas no país, que tenham realizado atividades culturais, políticas, cientificas ou sociais, ou que comprovadamente, promoveram benfeitorias à população do município de Rio Branco”.
“Entretanto, arrisco em afirmar que a gestão do ex-presidente foi marcada por discursos controversos e insensibilidade no trato a diversas áreas. Em nenhum momento durante seu mandato, Bolsonaro demonstrou um comprometimento substancial com o desenvolvimento e bem-estar da população de Rio Branco, que justifique a entrega da honraria”, escreveu a conselheira.
Ao final, Naluh volta a fazer críticas à concessão do título e pede que a carta seja levada em consideração.
“Saliento, portanto, que conceder-lhe o título de cidadão rio-branquense é uma afronta aos valores e princípios que nossa comunidade preza. Em vez de honrar aqueles que verdadeiramente contribuíram para o progresso e o fortalecimento de nossa cidade, esta decisão envia uma mensagem equivocada e desrespeitosa aos cidadãos da capital acreana”.
Veja a carta na íntegra:
Aos prezados membros da Câmara Municipal de Rio Branco
Sirvo-me do presente para expressar meu profundo descontentamento em relação à decisão de conceder o título de cidadão rio-branquense ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Ao conceder tal honraria, é imprescindível considerar as ações relevantes que um indivíduo realizou em benefício do município.
Deste modo, recorro ao Decreto Legislativo N°21/2019 deste parlamento, no qual versa que a entrega do título se dá “a pessoas físicas nacionais e estrangeiras radicadas no país, que tenham realizado atividades culturais, políticas, cientificas ou sociais, ou que comprovadamente, promoveram benfeitorias à população do município de Rio branco.”
Entretanto, arrisco em afirmar que a gestão do ex-presidente foi marcada por discursos controversos e insensibilidade no trato a diversas áreas. Em nenhum momento durante seu mandato, Bolsonaro demonstrou um comprometimento substancial com o desenvolvimento e bem-estar da população de Rio Branco, que justifique a entrega da honraria.
Saliento, portanto, que conceder-lhe o título de cidadão rio-branquense é uma afronta aos valores e princípios que nossa comunidade preza. Em vez de honrar aqueles que verdadeiramente contribuíram para o progresso e o fortalecimento de nossa cidade, esta decisão envia uma mensagem equivocada e desrespeitosa aos cidadãos da capital acreana.
Espero que esta nota seja considerada como um reflexo da voz daqueles que se sentem desapontados com esta escolha e que medidas sejam tomadas para reverter esta decisão lamentável.
Naluh Maria Lima Gouveia