Como forma de fortalecer os saberes tradicionais, diversas aldeias indígenas do Acre promovem festivais com cânticos, rezas e práticas de cura, que proporcionam uma imersão na vida e na cultura de diferentes etnias. O etnoturismo, como é chamado, é um dos mais procurados no Acre, e por isso, tem sido uma oportunidade de renda para dezenas de povos indígenas.
A renda anual dessas aldeias que recebem turistas varia de R$ 150 mil a R$ 2 milhões por ano, segundo informações do Governo do Acre, divulgadas pelo Carta Capital, em reportagem especial. O governo, em 2024, inseriu 20 festivais indígenas no calendário oficial do estado.
É comum encontrar diversos estrangeiros, principalmente europeus, pelo Centro de Rio Branco, rumo ao interior do Acre, para participar dos festivais indígenas, com vivências com ayahuasca e outras medicinas tradicionais.
Os municípios que sediam os eventos são Porto Walter, Assis Brasil, Marechal Thaumaturgo, Feijó, Tarauacá, Mâncio Lima, Cruzeiro do Sul, Jordão e Santa Rosa do Purus e as etnias que mais se destacam com os festivais turísticos são Huni Kuin, Yawanawá, Ashaninka, Puyanawa e Shanenawa.
Os festivais, que recebem brasileiros e estrangeiros, movimenta a economia nos territórios indígenas onde acontecem os eventos, impacta positivamente também nos setores de rede hoteleira, guia, condutores, barqueiros, transporte, mercados, farmácias, bares e restaurantes do município onde está a terra indígena.
Ao Carta Capital, o governador Gladson Cameli disse que não tem um número exato do fluxo de viajantes em busca do etnoturismo no Acre, mas que o estado busca incentivar e orientar o registro dessa informação, pois as lideranças indígenas não têm esse hábito.
Entre 2022 e 2023, os turistas que mais visitaram o Acre foram dos Estados Unidos, Alemanha e Portugal, de acordo com dados da ForwardKeys e da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur).
Gladson disse ainda que os festivais são uma forma de renda alternativa à agricultura, que é a base da economia das terras indígenas do Acre.
Os festivais indígenas acontecem há muito tempo, mas há cerca de 20 anos os indígenas começaram a abrir para pessoas de fora e se tornaram importantes para o fortalecimento das culturas, vivências e culinária. Atualmente, todas as etnias acreanas fazem festivais e vivências. Diversos artistas participam e visitam as aldeias indígenas no Acre, como o DJ Alok, o ator espanhol Miguel Bernardeau e muitos outros.
Capa: Alexandre Noronha/Secom