O avião Cessna Skylane 182 que caiu após decolar de Manoel Urbano, interior do Acre, na última segunda-feira (18), tinha capacidade para transportar no máximo quatro pessoas. Entretanto, seis passageiros e o piloto estavam dentro da aeronave no momento da queda. Além disso, o veículo, que seguia rumo a Santa Rosa do Purus, não tinha autorização para atuar como táxi aéreo.
👉 Contexto: De acordo com a Prefeitura de Manoel Urbano, sete pessoas estavam a bordo, incluindo o piloto, sendo quatro homens e três mulheres, que estavam seguindo para a cidade de Santa Rosa do Purus, distante 150 km do município de onde decolaram. Sidney Estuardo Hoyle Vega, comerciante de nacionalidade peruana, morreu no acidente e outras seis pessoas ficaram feridas, sendo duas entubadas (leia mais abaixo).
O Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB) da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aponta que o avião registrado como ‘PTJUN’ tinha registro para serviço aéreo privado, mas não poderia ser utilizado como táxi aéreo já que estava com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) vencido desde o dia 1º de junho de 2019.
O serviço de táxi aéreo consiste em transportar passageiros a curta distância, como é o caso destas viagens intermunicipais. Na ocasião, cada passageiro paga uma quantia pela passagem e, quando alcançar a quantidade máxima de pessoas na lotação, o voo sai rumo ao destino final. Como Santa Rosa do Purus é um dos municípios isolados do estado, os meios de acesso são apenas por barco ou avião.
Nos registros da Anac consta ainda que o avião está em nome de Samuel Castro Silva, mas teria sido comprado ou transferido em 30 de setembro de 2020. A aeronave pode levar, no máximo, 1.338 kg para decolar de forma segura.
O g1 questionou o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) se irão investigar as causas do acidente. Em nota, o órgão disse que os investigadores do Sétimo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA VII), órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), foram acionados para realizar a ‘Ação Inicial da ocorrência’ envolvendo a aeronave.
“Na Ação Inicial são utilizadas técnicas específicas, conduzidas por pessoal qualificado e credenciado que realiza a coleta e a confirmação de dados, a preservação dos elementos da investigação, a verificação inicial de danos causados à aeronave, ou pela aeronave, e o levantamento de outras informações necessárias à investigação. A conclusão da investigação terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade da ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes”, complementa a nota.
Vítima de queda de avião em Manoel Urbano chegou em Rio Branco no início da noite desta segunda-feira (18) — Foto: Eldérico Silva/Rede Amazônica Acre
Acidente e transferência de pacientes
Na tarde dessa segunda-feira (18) a primeira vítima da queda, Suani Camelo, foi transferida de helicóptero para o Pronto-Socorro de Rio Branco em estado grave e entubada. Logo depois, outra aeronave trouxe outros três sobreviventes: o casal Amélie Bruno e o piloto Roney Mendes. Mateus Jeferson foi trazido para a capital de ambulância. Já a Delisiane ficou em Manoel Urbano.
O empresário Sidney Estuardo, vítima fatal do acidente, era pai de uma policial penal de Sena Madureira, cidade vizinha, e a direção do Presídio Evaristo de Moraes publicou uma nota de pesar.
Sidney Estuardo Hoyle Vega morreu no acidente — Foto: Reprodução
A identificação das vítimas, segundo a prefeitura de Manoel Urbano, são:
- Roner Mendes – 59 anos [piloto – estado grave, entubado]
- Suani Camelo – 30 anos [grave, entubada]
- Mateus Jeferson Fonte – 26 anos [estável]
- Amélia Cristina Rocha – 28 anos [grave]
- Bruno Fernando dos Santos – 36 anos [dentista – estável]
- Delisiane Salomão Calisto – 15 anos [estável]
Aeronave ficou destruída — Foto: Arquivo pessoal
De acordo com o governo do Acre, o avião caiu logo após a decolagem, a 1 quilômetro da cabeceira da pista de Manoel Urbano, e estava a caminho de Santa Rosa do Purus, distante 150 km do município onde ocorreu o acidente.
Passageira estava com medo
A biomédica Amélia Cristina Rocha, uma das passageiras do avião, chegou a dizer para uma amiga que estava com medo pouco antes de entrar na aeronave.
Segundo o enfermeiro Hemerson Almeida, do Hospital de Manoel Urbano, o quadro de Amélia é considerado grave. “[Ela está] com suspeita de fratura e também com cerca de 90% do corpo queimado, então nós temos ela como grave”, explica.
Amélia mandou mensagem à amiga dizendo que estava com medo — Foto: Arquivo pessoal
Amiga de Amélia e do marido dela, o dentista Bruno Fernando dos Santos, que também estava no voo, a operadora de áudio Roberta Maria conta a conversa que teve com a vítima.
“Foi hoje de manhã, por volta de 11h20, antes dela decolar, ela me mandou uma mensagem falando que já tava em Manoel Urbano e se preparava para decolar. Aí eu perguntei se ela tava bem, ela disse que tava com um pouco de medo”, conta Roberta, que tentou acalmar a amiga.
Ainda segundo Roberta, Amélia estava de mudança para Santa Rosa do Purus para ficar mais perto do marido que trabalha em uma unidade de saúde no município isolado.
Colaboraram os repórteres Eldérico Silva e Elizânia Dinarte, da Rede Amazônica Acre.
Avião caiu em Manoel Urbano — Foto: Arte g1