Após quase um mês fechada por conta da cheia do Rio Acre, em Xapuri, interior do Acre, a Casa de Chico Mendes foi reaberta na última sexta-feira (22), mesmo dia em que a cidade celebrou 119 anos de história.
A casa do líder seringueiro ficou praticamente coberta. As águas chegaram no quintal no dia 26 de fevereiro e, no mesmo dia, equipes da Secretaria de Cultura da cidade iniciaram a retirada de móveis do local. O procedimento faz parte de um plano de contingência que prevê a retirada de equipamentos quando o rio chega a 14,50 metros.
O nível do manancial em Xapuri chegou a 17,08 metros. A enchente deixou mais de 200 pessoas desabrigadas e outras 545 desalojadas na região, ou seja, em casas de parentes e amigos. A prefeitura da cidade montou sete abrigos para instalar os moradores que não tinham para onde ir.
O manancial começou a baixar no dia 2 de março. Ao g1, a diretora de Turismo de Xapuri, Ronaira Barros, destacou que a agilidade das equipes em retirar o acervo foi essencial para preservar a história do espaço.
“Fizemos parte das equipes de retirada dos moradores das casas, mas estávamos sempre antenados com a situação da casa do Chico, tendo em vista que ali é próximo tanto do rio quanto do igarapé. Logo nos reunimos, fizemos a leitura do plano de contingência e já começamos a traçar as estratégias do que fazer e como fazer. Como retirar os acervos, onde colocar para que a gente pudesse deixar eles todos guardados e resguardados”, relembrou.
O acervo foi levado para prédio da Secretaria de Cultura e era observado diariamento por um servidor. Logo após, os funcionários amarraram a residência para que a correnteza não danificasse a estrutura. Mesmo com todo cuidado e agilidade, uma das camas do patrimônio foi danificada e a residência precisa de uma nova pintura.
“Tirou bastante a pintura externa, o telhado do banheiro também [sofreu danos] e tivemos outros pontos atingidos. A Fonte do Bosque, ainda não foi limpa e na Praça São Sebastião começou agora um processo de retirada dos entulhos e da areia”, confirmou.
Consequências
As águas do manancial no município chegaram a atingir a estátua de São Sebastião, padroeiro da cidade, que fica no Centro.
Populares chegaram a pedir que a estátua fosse retirada do local para não ser danificada, contudo, o padre Antônio Menezes, pároco da cidade, se recusou a deixar o Corpo de Bombeiros retirar a imagem. Dias depois, a imagem ficou quase coberta.
A casa foi reaberta em novembro de 2023 após cinco anos em reforma, e é considerada um dos patrimônios históricos mais importantes na história do Acre.
O Hospital Epaminondas Jácome, em Xapuri, também foi evacuado no início da tarde do dia 27 de fevereiro após as águas do Rio Acre se aproximarem da unidade de saúde. Pacientes e parte da estrutura foram transferidos para o núcleo da Universidade Federal do Acre (Ufac).