O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, anunciou nesta quinta-feira (15) novas medidas para segurança nos cinco presídios federais. Entre as medidas estão:
- ampliação de sistema de alarmes;
- reforço de agentes de segurança;
- aperfeiçoamento do sistema de entradas nos presídios, com implantação de reconhecimento facial;
- construção de muralhas.
O ministro deu uma entrevista coletiva sobre a fuga de dois presos do presídio federal de segurança máxima de Mossoró (RN), ocorrida na noite de terça (13). Para o ministro, os fugitivos ainda devem estar na região da cadeia, porque as imagens de vídeo não mostraram nenhum veículo fazendo o resgate.
Lewandowski classificou a fuga como um “episódio fortuito”. Ele afirmou que uma reforma que estava sendo feita no presídio ajudou os presos a obter ferramentas.
“Os presídios federais são absolutamente seguros. Todos podem continuar confiando nesse sistema”, ressaltou o ministro.
Ele também afirmou que as prioridades da pasta são a recaptura dos fugitivos e a apuração de eventual falha administrativa ou omissão. O ministro deu detalhes sobre a dinâmica da fuga.
Fatores que facilitaram a fuga
Os presos fugitivos são: Rogério da Silva Mendonça, conhecido como Querubim, e Deibson Cabral Nascimento, o Tatu. Os nomes deles foram incluídos na lista da Interpol de procurados internacionalmente.
Na entrevista, Lewandowski listou alguns fatores que podem ter contribuído para a fuga dos dois presos.
O ministro relatou que havia uma reforma sendo executada no presídio e que as ferramentas não foram armazenadas de forma correta, o que as deixou mais disponíveis aos presos.
“É como uma queda de avião, quando cai, não é uma causa única. Primeiro que a fuga ocorreu numa terça-feira de carnaval, onde as pessoas estão mais relaxadas, outro fator que contribuiu pra isso é que o presídio estava passando por uma reforma interna e, então, havia operários lá dentro e, infelizmente, as informações que temos, é que as não estavam [ferramentas] aprisionadas de forma correta, estavam espalhadas”, afirmou o ministro.
Além disso, o ministro confirmou que algumas câmeras de segurança não estavam funcionando no momento da fuga e ainda acrescentou que luzes do presídio também estavam desligadas.
“É verdade, e um outro fator que contribuiu, algumas câmeras não estavam funcionando adequadamente, assim como algumas luzes que poderiam evitar alguma fuga não estavam funcionando corretamente”.
O ministro ainda relatou detalhes sobre a fuga. Segundo Lewandowski, os problemas no planejamento de uma reforma do presídio e o descuido com materiais de construção foram fatores cruciais para a execução da fuga.
Veja o passo a passo da dinâmica, de acordo com Lewandowski:
Fugiram por falhas no teto: A fuga foi realizada, inicialmente, pela luminária da cela, segundo o ministro. O movimento foi facilitado por falhas no revestimento ao redor da luminária. Em vez de o teto ser revestido por concreto, foi realizado um trabalho comum de alvenaria.
Passaram pelas tubulações: quando os detentos conseguiram sair pela luminária, de acordo com o ministro, eles entraram para o shaft — parte onde ficam as tubulações –, e de lá conseguiram acessar o teto. A pasta afirmou que não havia nenhuma grade ou proteção, detalhe que faz parte do planejamento de construção.
Utilizaram ferramentas de construção: quando os criminosos ultrapassaram esses obstáculos, foram encontradas ferramentas usadas para a reforma do presídio. O ministro ainda relatou que os presos se depararam com um tapume de metal que protegia o local reformado, ultrapassaram a área e cortaram com um alicate as grades da penitenciária.
Agentes na missão de recaptura
Os seguintes contingente e equipamentos estão na missão de recaptura os dois fugitivos:
Estão sendo usados para realizar a recaptura dos fugitivos:
- 100 agentes da Polícia Federal
- 100 agentes da Polícia Rodoviária Federal
- 100 agentes das forças policiais locais (civil e militar)
- 3 helicópteros, drones e cães farejadores
Medidas já tomadas
Lewandowski também listou ações tomadas desde a quarta (14) pela pasta após a fuga. Ele listou, por exemplo, o afastamento da direção do presídio.
O ministro citou as seguintes medidas:
Ida do secretário Nacional de Políticas Penais, André Garcia, a Mossoró. Ele estará acompanhado de uma equipe de seis servidores. O objetivo é investigar no local as causas da fuga e avaliar quais ações administrativas podem ser tomadas.
Abertura de investigações por parte da Polícia Federal. Envio de uma equipe de peritos da corporação ao local, para apurar responsabilidades e atuar na recaptura dos dois fugitivos.
Atuação das Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado, que unem as polícias federais e estaduais nas ações de repressão da criminalidade organizada, para colabor com a busca pelos presos.
Determinação para que a Polícia Federal inclua os nomes dos fugitivos no Sistema de Difusão Laranja da Interpol. Também ordenou a inclusão dos nomes no Sistema de Proteção de Fronteiras. O objetivo é que as buscas possam ser feitas também pela comunidade policial internacional.
Acionamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para monitoramento das rodovias em busca dos fugitivos.
Revisão de todos os equipamentos e protocolos de segurança nas cinco penitenciárias federais.