Cruzeiro do Sul, Acre 25 de novembro de 2024 18:22

Americanos capturados estão em centro de detenção em Donetsk, diz mídia russa

Dois voluntários dos Estados Unidos que lutam pela Ucrânia foram detidos por separatistas apoiados pela Rússia em Donetsk depois de serem capturados na semana passada, segundo a mídia estatal russa.

Os cidadãos americanos Alexander John-Robert Drueke, de 39 anos, e Andy Tai Ngoc Huynh, de 27 anos, ambos do estado do Alabama, foram entrevistados pelo canal russo RT em um centro de detenção na chamada República Popular de Donetsk na última sexta-feira (17), em matéria publicada no site do noticiário.

Os dois americanos desapareceram em 9 de junho durante uma batalha ao norte de Kharkiv e temia-se que eles pudessem ter sido capturados pelas forças russas, de acordo com suas famílias e um companheiro de combate.

Durante o fim de semana, vídeos surgiram em canais pró-Rússia e redes sociais que pareciam mostrar os homens detidos em um local desconhecido.

Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse à CNN na sexta-feira que “viram as fotos e vídeos desses dois cidadãos americanos capturados pelas forças militares da Rússia na Ucrânia” e estavam “monitorando a situação”.

“Estamos em contato com as autoridades ucranianas, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e com as próprias famílias”, continuaram. “Devido a considerações de privacidade, não temos mais comentários sobre esses casos”.

Separadamente, um vídeo de mais de 50 minutos com Drueke e Huynh sendo entrevistados pelo HelmCast, um canal nacionalista sérvio pró-russo no YouTube, foi publicado no último sábado (18).

Na entrevista, um homem pode ser ouvido atrás da câmera revelando o local de sua entrevista quando diz “aqui em Donetsk” durante uma pergunta. Drueke também é questionado na entrevista se tem alguma objeção sobre como foi tratado desde sua captura e revela que foi espancado.

Situação preocupante

A localização da detenção de Drueke e Huynh é potencialmente preocupante. A Rússia tem uma moratória sobre a pena de morte, enquanto Donetsk usa pelotões de fuzilamento para executar prisioneiros condenados, de acordo com a mídia estatal russa RIA.

Em 9 de junho, um tribunal de Donetsk condenou à morte combatentes estrangeiros, dois cidadãos britânicos e um marroquino, depois de acusá-los de serem “mercenários” da Ucrânia. O tribunal, não reconhecido internacionalmente, disse que os homens tinham um mês para recorrer de seus veredictos.

As esperanças de que uma troca de prisioneiros entre a Ucrânia e os separatistas pró-Rússia pudesse libertar quaisquer combatentes estrangeiros detidos em Donetsk parecem ter sido frustradas depois que Denis Pushilin, o autoproclamado chefe da região, disse que essas negociações estavam fora de questão.

“A troca dos britânicos condenados à morte não está em discussão, não há motivos para perdoá-los”, disse Pushilin ao jornal investigativo russo independente Novaya Gazeta.

Ex-militar descreve a batalha

Em entrevista exclusiva à CNN, um ex-militar dos EUA lutando com as forças ucranianas relatou a batalha que testemunhou em 9 de junho, quando Huynh e Drueke foram supostamente capturados.

O homem, que pediu para ser identificado com o codinome “Pip”, disse que sua equipe foi enviada em uma missão a leste de Kharkiv, onde um ataque de blindados russos em grande escala estava em andamento.

Com um RPG, Huynh e Drueke destruíram um BMP – um veículo de combate de infantaria – que estava vindo pela floresta, de acordo com Pip. Mas a equipe teve que se retirar rapidamente, pois mais de 100 soldados russos começaram a avançar e os combatentes americanos se encontraram em uma vila que pensavam estar em mãos ucranianas.

Quando perguntado sobre o que aconteceu com Huynh e Drueke, Pip disse que “suspeitamos que eles foram atingidos pelo tanque T-72 ou pela explosão de uma mina. Isso é apenas especulação, não sabemos o que realmente aconteceu.”

Separadamente, um homem que atuava como sargento da equipe e que desejava permanecer anônimo por razões de segurança, disse anteriormente à CNN que “foi um caos absoluto”. “Havia cerca de cem soldados avançando em nossas posições. Tínhamos um T-72 atirando em pessoas a 30, 40 metros de distância”, disse ele.

Uma foto dos dois homens surgiu na quinta-feira com as mãos amarradas e na traseira de um caminhão russo. A foto foi postada no Telegram por um blogueiro russo. A CNN não pôde verificar independentemente quando a foto foi tirada.

Terceiro americano desaparecido

Um terceiro americano, que o Departamento de Estado disse estar desaparecido em ação na Ucrânia, foi identificado como o veterano da Marinha dos EUA Grady Kurpasi, confirmou sua esposa à CNN na quinta-feira.

A última vez que ela e outros amigos próximos ouviram falar de Kurpasi foi entre 23 e 24 de abril, disse à CNN George Heath, um amigo da família. Kurpasi serviu no Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA por 20 anos, se aposentando em novembro de 2021.

Ele escolheu ser voluntário na Ucrânia, mas inicialmente não se imaginava lutando na linha de frente da guerra, disse Heath.

Na sexta-feira, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que foi informado sobre os três americanos desaparecidos na Ucrânia. A repórteres, Biden disse repetidamente que os americanos não deveriam viajar para a Ucrânia neste momento.

“Não sabemos onde eles estão, mas quero reiterar: os americanos não deveriam ir para a Ucrânia agora”. afirmou o presidente.