Cruzeiro do Sul, Acre 25 de novembro de 2024 12:49

Advogados suspeitos de serem ‘pombos- correio’ de chefes de facção são presos no Acre

Foram cumpridos 10 mandados judiciais nos estados do Acre e Espírito Santo

Três advogados do Acre foram presos, nesta quinta-feira (30), suspeitos de agirem como “pombos-correio” e intermediar a transmissão de mensagens dos chefes da organização criminosa para membros das ruas, com a finalidade de manter a condução e organização dos trabalhos criminosos, tendo em vista que os chefes estão cumprindo pena em presídios.

A operação foi chamada de “Cupiditas” , que no latim significa ganância – em alusão aos investigados que a todo tempo se utilizavam de garantias e direitos para ascenderem na organização criminosa.

“Também foi apurado que um desses advogados teve contato direto, à mando dos principais líderes da organização no Acre, com importante liderança dessa organização no Rio de Janeiro, com a finalidade de pleitear demandas em nome daqueles.”

O delegado da Polícia Federal Felipe Fachinelli, em coletiva, disse que muitos detalhes do esquema estão me sigilo para não atrapalhar as investigações. Os nomes dos advogados não foram divulgados.

“Eles agiam como pombo-correio, uma conduta que é de extrema importância pros líderes da organização criminosa, porque eles estão encarcerados. E, a partir do momento que eles estão encarcerados, eles estão sem contato nenhum com o mundo afora. A partir do momento que algumas pessoas, utilizando sua prerrogativa constitucional, dos seus privilégios, começam a fazer esse leva e traz, de forma que esses pombos-correio começam a dar voz às lideranças que estão presas, e começam a dar ordem das lideranças, as diretrizes das lideranças”, disse.

Segundo a PF, foram cumpridos 5 mandados de busca e apreensão, sendo 5 no Acre e dois no Espírito Santo (ES) e mais cinco prisões, sendo três no Acre e duas em ES. A investigação ocorre desde janeiro.

“Nós garantimos todas as prerrogativas e direitos dos advogados. Os advogados, pela condição de advogado, têm alguns direitos e algumas prerrogativas. Todos os mandatos de busca, apreensão e prisão cumprido tinham representante da OAB para atestar a idoneidade e legitimidade desses mandatos. Tal como todos os trânsitos processuais e também na investigação a partir de agora será com o acompanhamento do OAB”, disse o delegado.

A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Acre (OAB/AC) mandou nota sobre o caso, confirmando que tem acompanhado todo o processo.

“Inicialmente, esta Seccional foi acionada para a designação de sua representação de defesa de prerrogativas do advogado para acompanhar o cumprimento de mandados na manhã de hoje, onde foi informado que seriam quatro alvos, todos advogados inscritos nesta seccional, sendo a equipe da Comissão de Assistência e Defesa de Prerrogativas destacada para o acompanhamento da operação. A operação teve como alvos quatro endereços, sendo que um dos advogados não se encontrava na cidade de Rio Branco e foram cumpridos mandados de busca e apreensão e de prisão preventiva. Nesse contexto a OAB Acre acompanha a situação dos profissionais envolvidos, garantindo o respeito de suas prerrogativas funcionais e permanecerá acompanhando o caso a fim de que tais direitos sejam devidamente respeitados. Ademais, ante os fatos apresentados, esta Seccional solicitará informações do Poder Judiciário acerca das acusações imputadas, a fim de que sejam adotadas eventuais medidas disciplinares.”, dia nota.

A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO), composta pela Polícia Federal, Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar e Polícia Penal, e contou com 40 policiais que cumpriram os mandados judiciais no dois estados.

Os investigados, a princípio, responderão pelos crimes de integrar organização criminosa, cuja pena é de reclusão de 3 a 8 anos, além de eventuais delitos relacionados.

Colaborou Ana Paula Xavier, da Rede Amazônica Acre.

A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) ocorreu nesta quinta-feira (30) — Foto: Ana Paula Xavier/Rede Amazônica Acre

A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) ocorreu nesta quinta-feira (30) — Foto: Ana Paula Xavier/Rede Amazônica Acre