Cruzeiro do Sul, Acre 24 de novembro de 2024 04:53

Acre está entre os estados com pior projeção do PIB do Brasil para 2022, diz estudo

Projeção para o estado é de -1% a 0% e mantém a tendência que já era registrada em 2019, quando o estado já estava entre os 14 estados abaixo da média nacional

O Acre está entre os estados com a pior projeção do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para o ano de 2022. As informações constam do relatório “Focus”, divulgado na segunda-feira (3) pelo Banco Central (BC). O estudo trata do primeiro boletim divulgado neste ano, porém, os dados foram colhidos na semana passada, em pesquisa com mais de 100 instituições financeiras.

Conforme o levantamento a projeção para o estado é de -1% a 0% e mantém a tendência que já era registrada em 2019, quando o estado já estava entre os 14 estados abaixo da média nacional. Além do Acre, também estão com projeção negativa para 2022, Pará, Amapá, Espírito Santo e Distrito Federal.

Essa é uma previsão feita por consultoria que fazem constantemente previsões para a economia do país e estende para os estados. O economista Orlando Sabino disse que tudo depende dos investimentos feitos pelo governo estadual que é um dos maiores responsáveis por movimentar a economia e, caso a projeção se concretize, o Acre como um todo fica mais pobre.

“A trajetória natural seria de crescimento por tudo que os agentes econômicos estão produzindo, se esforçando para produzir mais. Você imagina uma família vê a sua renda familiar diminuir, essa família fica mais pobre. É isso que pode acontecer, a gente regride no tempo e o esforço para superar o momento negativo vai exigir esforços de todos os setores da economia”, explicou.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. Para o país, a estimativa que os economistas projetaram é de crescimentos de de 0,36% neste ano.

Projeções

Mas, apesar do levantamento, Sabino avalia que o estado tem apresentado uma leve retomada no crescimento da economia em 2021, após passar o período mais crítico da pandemia de Covid-19.

“Quando eles fazem o cálculo levam em consideração vários indicadores e, no caso do Acre, temos indicadores do pós pandemia, em 2021 são favoráveis. Saímos de uma crise sanitária grave e alguns setores já demonstram recuperação por exemplo, o setor de serviço, que é o que mais emprega, mais importante para a economia e até outubro cresceu 13% no Acre”, pontuou.

O economista diz que foram gerados mais de 8 mil vagas de emprego com carteira assinada entre os pontos positivos que destaca. Além de abate de suínos, entre outros.

“Foram 5,7 mil vagas a mais com carteira assinada se a gente for levar em consideração em 2020. O comércio cresceu 6% até outubro e foi recorde de abertura de empresas junto ao simples. A pecuária bovina também cresceu”, pontuou.

Mas, apesar de pontuar pontos positivos que faz acreditar que o desempenho não seja tão negativo, ele cita os negativos e informou que o que pode ter impulsionado a projeção de forma desfavorável foram os baixos investimentos do estado.

Alta taxa de desemprego com 52 mil desempregados no Acre e as que estão empregadas, mais de 30% são subutilizadas e 46% estão no setor informal, são um dos pontos destacados por ele. Além do alto índice de inflação. Sabino explica que quando o governo faz altos investimentos públicos em diversos setores como obras públicas, educação, entre outros, o PIB tende a crescer e dar resposta positiva, o que não tem sido feito de forma efetiva para impulsionar o crescimento.

“Ultimamente, os investimentos feitos pelo governo do estado estão muitos baixos, muito aquém do que se espera para que a economia possa dar respostas. Nos últimos anos, temos indicadores muito baixos, para se ter uma ideia, em 2019 nós investimos só 23% dos recursos disponíveis para investimento. Em 2020, caiu mais ainda e ficou em 15%. Até outubro do ano passado tínhamos gasto somente 25% dos recursos. Em 2021, tínhamos para gastar R$ 805 milhões. Gastamos R$ 203 milhões até outubro. Vamos esperar o balanço até o final do ano, e talvez chegue a 30%, o que é muito baixo e isso se reflete direto no PIB e imagino que a Focus, tenha feito essa previsão com base influenciada fortemente pelos investimentos do governo”, concluiu.