A Polícia Civil de São Paulo prendeu na última sexta-feira (8) dois homens que estavam negociando cerca de um quilo de um material ofertado como urânio bruto.
Os suspeitos foram detidos em uma casa em Guarulhos, na Grande São Paulo, após uma denúncia de que a dupla comercializava material radioativo ilegal no local.
Segundo a secretaria de Segurança Pública, os policiais se passaram por compradores e receberam as pedras como amostra de uma quantidade maior, de duas toneladas do material.
Na casa localizada na rua Eugênio Diamante, na Vila Barros, em Guarulhos, havia diversas pedras aparentando o material urânio em estado bruto, com documento sobre análise de fluorescência de Raios-X.
Os dois suspeitos foram presos em flagrante por porte ilegal de material nuclear e por crime contra a ordem econômica.
Pedras de suposto urânio bruto apreendido pela Polícia Civil em Guarulhos, na Grande SP, na sexta-feira (8). — Foto: Acervo pessoal
PCC
O caso foi registrado no 3º DP de Guarulhos, onde os dois suspeitos disseram que o material vinha de Rondônia.
A polícia suspeita que o material radioativo seria negociado com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Uma pessoa estaria vindo de Portugal para avaliar o material em posse dos dois criminosos.
As pedras do suposto urânio bruto foram apreendidas e lacradas, depois foram enviadas para análise do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), que deve emitir um relatório ainda nesta semana.
Como a competência para a devida instrução criminal é da União, o caso será encaminhado à Justiça Federal, segundo a SSP.
Urânio bruto apreendido pela Polícia Civil de São Paulo na última sexta (8) em Guarulhos, na Grande SP. — Foto: Montagem/g1
Operação da Polícia Federal
No final de março, investigados como negociadores e compradores de minério explorado e vendido ilegalmente foram alvo de uma operação da Polícia Federal (PF). O trabalho, que buscou prender 8 pessoas e cumprir mais 11 mandados de busca e apreensão, aconteceu no Amapá e em outros 5 estados, em 24 de março.
Batizada de “Au92”, a operação buscou combater uma organização criminosa que se especializou no comércio ilegal de ouro e urânio no Amapá e em mais 6 estados.
Operação Au92 investiga comércio ilegal de ouro e urânio pelo Amapá — Foto: PF/Divulgação
Até 8h30, 5 dos investigados foram presos (3 em Macapá, um em Ananindeua/PA e outro em São Paulo/SP). O trabalho também foi realizado no Rio de Janeiro (RJ), em Natal (RN) e em Palmas (TO).
Os envolvidos podem responder criminalmente por organização criminosa, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, usurpação de matéria-prima da União e extração ilegal de minério.
Investigação
Conforme a PF, o caso começou a ser descoberto depois que policiais tiveram acesso a documentos que comprovariam a atuação de uma organização criminosa especializada no comércio transnacional de minério, em geral ouro e urânio, no Amapá. Depois descobriu que há comércio também por meio de Roraima.
A investigação descreve que o grupo falsificou documentos para “regularizar” os minerais – pertencentes à União – e assim vendia ouro e urânio, no mercado paralelo, para outros estados e até para pessoas em países europeus.
Os indícios são de que parte do ouro foi extraído na Guiana Francesa e no Suriname e “esquentado” no distrito do Lourenço, em Calçoene. A região nasceu e é conhecida até hoje pela exploração de ouro.
Policiais cumpriram mandados de busca e apreensão e também de prisão preventiva — Foto: PF/Divulgação
A PF descreve ainda que o material era armazenado em Macapá e em Porto Grande e que o transporte era feito por pistas clandestinas para sair do estado.
Um braço da organização, pontua a polícia, trabalhava com a comercialização em Boa Vista (RR) de ouro extraído da Venezuela.