Cruzeiro do Sul, Acre 25 de novembro de 2024 17:41

Guerra entre Rússia e Ucrânia reduz produção de castanha no Acre

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE divulgou nesta quinta-feira (26) o resultado da pesquisa de Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura – PEVS de 2023, que fornece as informações estatísticas sobre produtos do extrativismo vegetal, obtidos da aplicação de recursos florestais nativos, e da silvicultura, obtidos a partir da exploração de maciços florestais plantados.

De acordo com a pesquisa, o valor da produção da extração vegetal no Acre em 2023 foi de R$ 113,8 milhões, com recuo de 7,6% frente a 2022, ocasião em que encerramos com valor da produção de R$ 123,1 milhões. O elemento que mais influencia este recuo é a redução da extração da madeira em tora manejada.

Os três principais produtos da extração vegetal em 2023, em termos de valor de produção, são: castanha-do-Pará (58%), madeira em tora (17%) e látex coagulado (11,5%). Juntos, esses produtos respondem por cerca de 86% do valor de produção.

Grupos Alimentícios

A castanha encerrou 2023 com produção total de 9.474 toneladas, crescimento 3,6% em relação a 2022, com preço médio (R$ 6,96/kg) crescente desde 2020, quando atingiu seu nível mais baixo. Essa expansão faz parte de um período de recuperação do mercado pós-pandemia e início da guerra entre Rússia e Ucrânia.

A Supervisora de Pesquisa Agropecuária do IBGE, Gardênia Sales, explica a relação entre a guerra na Europa e a baixa da produção da castanha no Acre.

“Quando levantamos os dados, nossos informantes disseram que tanto os países em guerra quanto outros na região são grandes mercados consumidores do produto. O conflito reorganizou as prioridades nas decisões de consumo, retraindo a demanda por esse produto”, disse.

Os 5 municípios com maior produção da castanha são Xapuri, com 2.005kg; Brasiléia, com 1.628kg; Rio Branco, com 1.600kg; Sena Madureira, com 1.580kg; e Epitaciolândia com 1.019kg. Xapuri é o município com a terceira maior produção nacional de castanha no Brasil em 2023, estando logo atrás de Oriximiná (PA) e Óbidos (PA).

Em 2023 a produção de açaí no Acre foi de 4.031 toneladas, com valor de produção de R$ 6,4 milhões, representando recuo de 9% em relação a 2022. A extração foi menor em 2023 devido ao rearranjo do setor para a exploração da produção. Os 5 municípios com maior produção são Feijó, com 1.500 toneladas; Cruzeiro do Sul, com 308 toneladas; Tarauacá, com 260 toneladas; Marechal Thaumaturgo, com 234 toneladas; e Mâncio Lima, com 212 toneladas.

Borracha

Segundo a pesquisa, o produto Hevea (Látex Coagulado) gerou R$ 13,1 milhões em 2023, representando 11,5% do valor total de produção no Acre, com preço médio de R$ 17,5/kg e 751 toneladas exploradas. A manutenção do pagamento pelos serviços ambientais aos extrativistas da borracha tem fortalecido o setor ano a ano, propiciando crescimento da produção.

Os 5 principais municípios produtores de borracha são Xapuri, com 246 toneladas; Senador Guiomard, com 148 toneladas; Brasiléia, com 126 toneladas; Sena Madureira, com 74 toneladas; e Tarauacá, com 45 toneladas.

Madeira

Deste grupo, o produto madeira em tora apresentou uma queda no valor de produção de 56%, saindo de cerca de R$ 43 milhões em 2022 para R$ 19 milhões em 2023, uma queda de R$ 24 milhões, explicado pela expressiva queda do volume explorado em 2023, tendo como referência os registros do Documento de Origem Florestal – DOF. Ou seja, a pesquisa levou em conta o volume de madeira registrado legalmente. O volume explorado em 2023 foi 172.486 m³, evidenciando recuo de 58%. Os 5 municípios com maior produção são Feijó, com 44.195m³; Bujari, com 23.900m³; Rio Branco, com 20.621 m³; Tarauacá, com 19.274 m³; e Sena Madureira com 18.465 m³.