Um vídeo divulgado pela agência Reuters mostra o momento que a estação de trem de Kramatorsk, em Donetsk, Ucrânia, foi atacada na sexta-feira (8).
Ao menos 50 pessoas, cinco delas crianças, morreram e 98 ficaram feridas. O governo ucraniano acusa a Rússia de ter realizado deliberadamente o ataque, o que Moscou nega.
Nas imagens, é possível ver o momento que um grupo de pessoas, na frente da estação, se assusta ao escutar o barulho de um míssil. Em seguida, um carro começou a pegar fogo (veja acima).
Houve correria e gritos de desespero, na sequência. A maioria das pessoas que estavam na estação se enfileirou para tentar entrar em trens e deixar a região.
Ainda no vídeo, é possível ver que diversas marcas de sangue ficaram espalhadas pelo chão da estação.
Ataque
Segundo a companhia que administra a malha ferroviária da Ucrânia, dois mísseis atingiram a estação de Kramatorsk de manhã.
De acordo com o governador da região, Pavlo Kyrylenko, 4 mil pessoas estavam no local no momento do ataque.
Um míssil tinha a frase “por nossos filhos” escrita em russo na carcaça. A frase За детей seria usada por separatistas pró-Rússia como forma de vingar as mortes na guerra de 2014, segundo reportagem da agência francesa AFP.
Há três dias, a Ucrânia pede que moradores das cidades do leste da Ucrânia deixem às pressas a região, onde, segundo Kiev, Moscou prepara fortes ataques.
Kyrylenko afirma que os ataques foram feitos por artilharia russa. O Kremlin e o Ministério da Defesa da Rússia negaram que as forças russas sejam responsáveis pelo ataque.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que as tropas não tinham missões previstas para a região nesta sexta-feira (8).
Bombas de fragmentação
Kyrylenko, afirmou ainda que a Rússia utilizou bombas de fragmentação, munição proibida em 2008 por uma convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) que espalha várias mini-bombas na região atingida, espalhando as explosões para vários lados em alta velocidade.
A Rússia, no entanto, não é signatária do tratado da ONU que proíbe a bomba.
Já líderes separatistas da região de Donetsk alegaram que os mísseis foram “uma provocação da Ucrânia“, o que Kiev nega.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, culpou a Rússia pelo ataque a “milhares de ucranianos pacíficos esperando para serem retirados da área”. Kiev afirmou ainda que os bombardeios a civis foram intencionais.
“Os russos não-humanos não abandonam seus métodos. Sem força e nem coragem de fazer frente a nossas tropas no campo de batalha, eles estão cinicamente destruindo a população civil. Isso é diabólico e não tem limites. E, se não for punida, a Rússia nunca vai parar”, declarou.
Desde o início da semana, a Ucrânia e a Otan afirmam que Moscou prepara uma nova onda de bombardeios no leste e no sul do país.