Cruzeiro do Sul, Acre 26 de novembro de 2024 06:50

Seca: agricultores do AC enfrentam dificuldades na irrigação, perdas na produção e veem custos aumentarem

Agricultores do município de Capixaba, no interior do Acre, viajam uma vez por semana até Rio Branco para comercializar seus produtos. As barracas são montadas em uma praça no bairro São Francisco, para atender os clientes. Frutas e hortaliças são os principais alimentos cultivados, mas nesse período de seca, o trabalho ficou comprometido.

➡️ Contexto: O rio Acre está a três centímetros da menor cota histórica desde 1971, quando o manancial começou a ser monitorado em Rio Branco.

  • 🚰 Seca: Toda a Bacia do Rio Acre está em situação de alerta máximo para seca, agravada em razão da falta de chuvas na região, situação que já perdura há dois meses.
  • 👨🏽‍🦲 População afetada: Mais de 387 mil pessoas nas zonas urbana e rural de Rio Branco
  • ⚠️ Prejuízos: como resultado da seca, produtores perderam plantações e houve queda nas vendas. O baixo nível do manancial também afeta o transporte das mercadorias.
  • 🌫️ Poluição: Na quinta (12), a qualidade do ar também estava em 46.6 µg/m³ (microgramas por metro cúbico), segundo a plataforma IQair. Esse número está muito acima do considerado saudável pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 15 µg/m³ (microgramas por metro cúbico).

A falta de chuvas atingiu toda a lavoura e secou os rios da região. A produtora Daniela Mesquita possui uma propriedade no Ramal Zaqueu Machado. Ela alega que a produção está completamente afetada e nem todas as pessoas conseguem água para irrigar as plantações.

“Lá [em Capixaba] a situação está muito difícil por falta da chuva. Prejudica e diminui muito a produção. Quem tem açude, puxa do açude, quem tem poço, puxa do poço, só que o poço e o açude estão secos. Isso diminui muito a produção”, relata.

Situação semelhante é a do produtor rural Jailton Duarte. Diariamente, ele precisa colocar uma bomba em um igarapé próximo para conseguir água para plantação, mas o gasto com energia aumenta e a terra seca rapidamente, dificultando o trabalho mais do que o normal.

“Tem ficado muito ruim com essa sequidão para a gente que mexe com plantio lá. As nossas plantas não tem ficado muito bonitas, mas estamos aguando por meio de irrigação”, diz.

Além de diminuir a produção, a falta de chuvas também deixa os alimentos com menos qualidade. Com pouca água para a irrigação, a banana fica mais fina, a melancia menor e a macaxeira tem o cultivo diminuído. A exemplo do interior, Rio Branco sofre com o mesmo problema.

Feirantes temem que queimadas e fumaça dificultem ainda mais a situação — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Feirantes temem que queimadas e fumaça dificultem ainda mais a situação — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

As hortaliças também duram menos, mas ainda não faltam no mercado. O feirante Francisco Amarildo, que atua na Central de Abastecimento de Rio Branco (Ceasa), afirma que alguns produtos já estão difíceis de encontrar.

“Por enquanto, só o que tem faltado é o limão, mas o resto das verduras até que tem. E deve começar a faltar a banana. As queimadas e a fumaça também atrapalham muito”, ressalta.

A Defesa Civil e a Secretaria de Agricultura e Pecuária do município adotaram medidas para minimizar os impactos da seca. Esse ano foram comprados 35 milhões de litros de água para abastecer 33 comunidades rurais. Esse número é mais que o dobro do que foi comprado em 2021, quando iniciou a Operação Estiagem.

Todos os dias, 8 carros-pipas, em média, fazem esse trabalho. Apesar dessas medidas, 20 comunidades ainda aguardam abastecimento.

“Teve comunidade que limpamos os tanques para o pessoal ir usando a águas na zona rural, porque a dificuldade é tanta que não tem água nem para os animais e nem para as pessoas tomarem banho. A gente sabe que se demorar a chover vai se agravar mais. Essas 20 comunidades que estão esperando, nós estamos comprando 80 caixas d’água de cinco mil litros para atender essa demanda”, explicou o secretário Eracides Caetano.