Cruzeiro do Sul, Acre 23 de novembro de 2024 23:06

Avião com piloto desaparecido na Venezuela era motivo de desavença financeira; PF investiga

RJ2 descobriu que a aeronave que sumiu junto com o piloto brasileiro Pedro Parente Rodrigues Neto, visto pela última vez em 1º de setembro na Venezuela, era motivo de uma desavença financeira. Um outro empresário cobrava do mais recente contratante de Pedro um pagamento pelo avião.

O empresário goiano Daniel Seabra de Souza, que está atualmente na Venezuela, contratou o piloto Pedro Buta – como era conhecido – para buscá-lo naquele país.

Daniel diz que comprou a aeronave, e o antigo proprietário do avião confirmou à TV Globo que o avião foi pago.

Segundo o registro de transferência do monomotor feito na Agência Nacional de Aviação (Anac), o Bellanca Aircraft foi comprado pela empresa Aprifruit Importação e Exportação por R$ 800 em julho.

A empresa está em nome de Carlos Alberto Esquesário, que afirmou à equipe de reportagem que vendeu o CNPJ a Daniel.

“Eu vendi só o CNPJ, que é uma importadora de fruta, que ele queria um CNPJ pra importar e exportar”, disse.

A família do piloto desconfia que haja uma pendência financeira entre Carlos e Daniel. Daniel não quis falar sobre isso.

Questionado pelo RJ2 sobre a situação do pagamento da aeronave, ele respondeu: “Ah, pelo amor de Deus. Isso é uma coisa entre eu e o Carlos. Não vou falar nada”.

Na última sexta-feira (6), cinco dias após o desaparecimento, Carlos denunciou à Polícia Federal o desaparecimento do piloto e disse que Daniel ainda não havia quitado a aeronave.

Segundo Carlos, o combinado foi que o pagamento seria feito assim que o Pedro chegasse com o avião até Daniel, via transferência bancária.

No relato à PF, Carlos afirma que deu ordens ao piloto para que ele não voasse mais com a aeronave até o pagamento ser feito.

“Ele prometeu e garantiu que a aeronave não sairia do chão enquanto o sr. Daniel nao pagasse o que foi combinado”, disse em depoimento.

Apesar de ter afirmado isso para a polícia, Carlos disse que não tinha controle sobre Pedro.

“Não sou eu que comando, não sou eu que falo com ele, não sou eu que controlo ele, entendeu?”

No entanto, um dia antes da viagem de Pedro para a Venezuela, ele pediu a localização do piloto, que enviou um vídeo, para mostrar onde estava.

“Estou aqui na recepção do hotel terminando de lanchar”, dizia Pedro no vídeo.

RJ2 checou que o hotel é em Boa Vista, capital de Roraima. A cidade foi o último local de onde o avião decolou, de acordo com os registros da Força Aérea Brasileira (FAB).

O destino seria uma fazenda perto da fronteira com a Venezuela, mas, segundo a FAB, durante o percurso o sinal do radar do avião foi perdido. A suspeita é que ele tenha desligado o transpoder – o dispositivo eletrônico que permite que ele seja rastreado.

Pedro Buta chegou até a Venezuela e passou duas semanas no país. O último dia em que fez contato com a família e que foi visto foi em 1º de setembro. Depois disso, ele e o avião sumiram.

A Polícia Federal está investigando o caso. A mãe do piloto foi para Boa Vista acompanhar as investigações.

Nas redes sociais, Pedro se apresenta como piloto comercial e instrutor de voos. Oferece cursos para piloto de avião, de preparação para provas da Anac e faz passeios de balão.