Políticos e instituições lamentaram nesta segunda-feira (12) a morte do ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto, aos 96 anos, após complicações no quadro de saúde. Autoridades destacaram a vida pública do economista e o seu legado para formação econômica e política do Brasil.
O Ministério da Fazenda declarou que Delfim foi “um referencial em diferentes fases da história do país” e “fomentou debates essenciais sobre a condução da política econômica brasileira”.
Em nota divulgada pelo Planalto, Lula afirmou ter sido crítico de Delfim ao longo de 30 anos antes de se aproximar do economista, que se tornou seu aliado e conselheiro.
“Na minha campanha em 2006, pedi desculpas publicamente porque ele foi um dos maiores defensores do que fizemos em políticas de desenvolvimento e inclusão social que implementei nos meus dois primeiros mandatos. Delfim participou muito da elaboração das políticas econômicas daquele período. Quando o adversário político é inteligente, nos faz trabalhar para sermos mais inteligentes e competentes”, declarou.
Pacheco e Toffoli lembram trajetória do ministro
Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Congresso, prestou solidariedade aos familiares do ex-ministro e lembrou que Delfim foi o ministro mais jovem do país até então.
“Profundo conhecedor das ciências econômicas, [Delfim Netto] ocupou papel altivo na história do Brasil desde 1967, quando se tornou, aos 38 anos, o mais jovem ministro do país”, afirmou o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em nota.
O ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli descreveu o economista como alguém com “brilhantismo intelectual” e “paixão pelo conhecimento nas mais diversas áreas”.
“Conselheiro de vários presidentes da República após a redemocratização, soube valorizar as políticas de distribuição de renda e de inclusão social. Sua atuação no período mais duro do regime militar deverá ser lembrada, mas é inegável que o Brasil perdeu hoje um de seus maiores intelectuais e pensador da nação brasileira”, disse Toffoli em nota.
Em posicionamento oficial, o Tribunal de Contas da União afirmou que Delfim foi uma “figura superlativa da política e economia brasileira” com “inestimável legado intelectual”.
“Professor emérito da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), [Delfim Netto] compartilhou seu vasto conhecimento e publicou diversos livros e artigos sobre a economia brasileira, muitos dos quais inspiraram o desenvolvimento institucional do TCU”, disse o Tribunal.
Delfim apoiou governo Lula em momentos importantes, diz Mercadante
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou o período em que foi deputado junto de Delfim e mencionou a colaboração do ex-ministro para o desenvolvimento econômico do país.
“Apesar das divergências políticas e no próprio debate econômico, que tivemos ao longo da vida, Delfim Netto sempre teve compromisso com a produção e com o crescimento da economia. Mesmo tendo sido um ministro destacado do regime militar – liderou o chamado ‘milagre brasileiro’ -, Delfim apoiou o governo Lula em momentos importantes e desafiadores”, disse Mercadante, em nota.
No X (antigo Twitter), líderes políticos também lamentaram a morte do ex-ministro e destacaram sua trajetória pública. Para o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), o ex-ministro foi “uma das figuras mais importantes da história do Brasil”.
O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), afirmou que o ex-ministro tem influenciado “ao longo de décadas” o modo de pensar economia e a sociedade no país.
Trajetória
Delfim foi ministro da Fazenda durante os governo militares de Arthur da Costa e Silva e Emílio Garrastazu Médici. Também atuou como embaixador na gestão de Ernesto Geisel e voltou a ser ministro – primeiro da Agricultura e depois da Secretaria do Planejamento – no governo de João Baptista Figueiredo até o fim da ditadura.
Após o regime militar, Delfim foi eleito deputado cinco vezes e atuou como conselheiro econômico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em sua primeira passagem pelo Palácio do Planalto (2003-2010).