Aos oito anos, Vitor Emanuel foi um dos destaques da equipe acreana da Copa Bolpebra de Natação, disputada na Bolívia, entre os dias 2 e 3 de agosto. O jovem, que é autista e nada pelo clube Tubarão, de Rio Branco (AC), conquistou quatro medalhas e ajudou o Acre a ser vice-campeão de clubes na competição internacional.
Vitor iniciou a praticar natação incentivado pelo pai, Elias Barbary. Tudo começou com uma brincadeira numa caixa d’água que o pai dele comprou durante a pandemia.
– Primeiro ele aprendeu a mergulhar. Depois coloquei uma pista de carro, eu colocava os carros lá dentro e afundava com ele pra gente brincar de carro porque ele perdeu o medo da água – conta o pai.
A brincadeira na caixa d’água com o pai fez Vitor perder o medo não só da água, mas de enfrentar todos os seus medos. Por causa do autismo, ele tem hipersensibilidade, que é uma condição em que os sentidos de uma pessoa ficam mais aguçados e ela reage de forma mais intensa a estímulos do ambiente como luzes, texturas e sons.
Essa condição se manifestou durante a Copa Bolpebra de Natação. O pequeno teve uma crise devido ao barulho no lugar, mas não se abateu. Com o auxílio do pai e da equipe de professores, usou um fone para minimizar os efeitos, competiu e faturou uma medalha de ouro, duas de prata e uma de bronze.
– O Vitor Emanuel é uma alegria, tem dificuldades. Tive muito orgulho lá (na competição), estive todo o tempo apoiando ele, os professores estiveram apoiando ele. Eu fico feliz – afirma Elias Barbary.
Em poucas palavras, Vitor Emanuel resume o sentimento de praticar o esporte e ter feito bonito em águas internacionais representando a natação acreana.
– Me sinto feliz – diz.
Esporte é fundamental para pessoas com autismo
De acordo com dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, existe um caso de autismo para cada 110 pessoas no mundo.
Algumas crianças com o transtorno do espectro autista têm uma atração muito grande pela água. Isso porque estudos apontam que pessoas com hipersensibilidade auditiva ou tátil têm os efeitos diminuídos ou cessados momentaneamente.
A prática de atividades físicas libera endorfina, um neurotransmissor que pode ajudar a reduzir a ansiedade e o estresse e a melhorar o humor, o que é especialmente relevante para pessoas com autismo.
*Colaboração Júnior Andrade, repórter da Rede Amazônica Acre