Cruzeiro do Sul, Acre 27 de novembro de 2024 18:37

Seca extrema no Acre gera impacto na migração interna e mobiliza autoridades

A movimentação de populações dentro do estado do Acre por conta da seca extrema está inserida no rol de preocupações da Defesa Civil Estadual, que nesta quinta-feira, 8, se reuniu remotamente com membros da Organização das Nações Unidas (ONU) para discutir o assunto.

A ideia da reunião, de acordo com o que foi veiculado por membros da Defesa Civil nas redes sociais, é buscar entender a dinâmica da migração entre cidades, comunidades e de países que fazem fronteira com o Acre, a fim de melhorar os dados e encontrar soluções para os problemas que estão por vir.

O entendimento que tem é de que a falta de navegabilidade dos rios, que são a principal via de transporte para muitas das comunidades, tem isolado diversas áreas, forçando os moradores a buscarem refúgio em regiões urbanas onde o acesso a recursos básicos seria, em tese, mais viável.

As dificuldades enfrentadas por muitas comunidades ribeirinhas e indígenas, em razão da redução drástica dos níveis dos rios e a escassez de chuvas, já ocorrem há cerca de dois meses, principalmente com relação à navegação, abastecimento de água potável e acesso a alimentos.

No início de junho, o Governo do Acre editou o Decreto n° 11.338, declarando a existência de circunstância anormal, caracterizada como situação de emergência, por conta de uma das secas mais severas, que estava prestes a atingir os 22 municípios do estado, previsão que vem se consolidando.

No documento, o governo afirmou que a decretação da situação de anormalidade era em decorrência do cenário de extrema seca, que já estava sendo vivenciado, e da iminente possibilidade de desastre decorrente do desabastecimento do sistema de água em diversas localidades no estado do Acre.

Uma das regiões de grande preocupação é o Juruá, onde rios como o Jordão e o Tejo, que abrigam grande quantidade de comunidades indígenas em suas margens, estão secos a ponto de não permitir mais a navegação em vários trechos, fazendo com que moradores precisem carregar canoas na cabeça em determinados pontos.

Um exemplo é o povo Kuntanawa, que se concentra em uma área da Reserva Extrativista do Alto Juruá, no município de Marechal Thaumaturgo. O território, que não é demarcado pelo governo brasileiro, é formado por três aldeias, com 400 pessoas, que dependem dos rios para locomoção.

Seca no Rio Tejo – Foto: Haru Kuntanawa

Capa: Sérgio Vale