Cruzeiro do Sul, Acre 24 de novembro de 2024 01:24

Mulher morta a facadas no AC foi pedida em casamento pelo suspeito uma semana antes; VÍDEO

“Você aceita ser minha noiva na alegria e na dor?”

Essa foi a pergunta que Simey Menezes Costa fez à Ketilly Soares de Souza, de 33 anos, com direito a música, aliança e choro em uma igreja evangélica de Rio Branco. O pedido foi feito no último dia 2, uma semana antes de Ketilly ser assassinada a facadas.

A reportagem obteve, com exclusividade, o vídeo do pedido de casamento feito por Simey, o principal suspeito pelo crime. As imagens mostram o casal feliz na frente dos fiéis e Simey começa a cantar. “Escrevi essa canção para dizer tudo que sinto por você”.

Ele é procurado desde domingo (9), quando a família achou Ketilly morta no chão da sala da casa onde o casal vivia, na Rua Raimundo Saldanha, no Polo Benfica, região do bairro Vila Acre, Segundo Distrito da capital.

Segundo a Polícia Civil, Ketilly foi assassinada com mais de 10 facadas. Veja detalhes abaixo.

Pedido de casamento foi feito em uma igreja evangélica de Rio Branco — Foto: Reprodução

Pedido de casamento foi feito em uma igreja evangélica de Rio Branco — Foto: Reprodução

O suspeito é conhecido na região da Baixada da Sobral, onde tinha uma oficina de bicicleta. O empreendimento ficou com a ex-mulher do suspeito após a separação. Ele também é reconhecido por pedalar e faz parte de grupos de ciclistas da capital.

O vídeo segue mostrando o casal rindo enquanto Simey, aparentemente nervoso, tenta oficializar o pedido. Ele chega a citar que a família de Ketilly está presente e agradece por a ter conhecido. “Sou grato por ter te conhecido”.

O suspeito chegou a tirar os óculos para enxugar as lágrimas enquanto falava como a vítima era leal, trabalhadora e amiga. A cena chegou a emocionar muita gente na igreja.

Simey Menezes Costa é suspeito de matar a mulher a facadas em Rio Branco — Foto: Reprodução

Simey Menezes Costa é suspeito de matar a mulher a facadas em Rio Branco — Foto: Reprodução

‘Crueldade’

Uma amiga de Ketilly, que pediu para não ser identificada, disse ao g1 que ela era uma pessoa que estava sempre alegre, nunca mostrava tristeza e era dedicada no trabalho. Ketilly tinha uma filha de outro relacionamento e trabalhava em uma loja de bolos da capital.

“O que ele fez foi uma crueldade. Ela não merecia isso, tinha planos, sonhos e sempre era dedicada em tudo que fazia. Tudo que nós, amigos e familiares, queremos é justiça por ela”, resumiu.

Ketilly Soares deixa uma filha pequena — Foto: Reprodução

Ketilly Soares deixa uma filha pequena — Foto: Reprodução

Feminicídio

Segundo a Polícia Militar, o casal havia se mudado para a residência há cerca de um mês. Na manhã desse domingo, familiares não conseguiram contato com a vítima e foram até a residência.

Uma prima teria encontrado Ketilly caída no chão da sala. A arma usada no crime, uma faca tipo peixeira, foi encontra na área externa da casa. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e confirmou a morte da vítima. O corpo foi levado para o Instituto Médico Legal (IML). A Polícia Militar isolou a área e a perícia foi acionada.

O caso é investigado pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). O coordenador em exercício da Deam, delegado Pedro Paulo Buzolin, disse ao g1 que Ketilly foi morta com mais de 10 facadas e que havia sinais de luta dentro da casa.

Segundo o delegado, a principal linha de investigação é de feminicídio. “Estamos ouvindo testemunhas, familiares e amigos. Não relataram se tinha um relacionamento conturbado, mas a gente precisa ouvir todos pra confirmar isso. Estamos procurando a pessoa que mantinha um convívio com ela”, resumiu.

Ainda segundo o delegado, pela quantidade de lesões encontradas na vítima, tudo leva a crer que o noivo é o principal suspeito do feminicídio.

“Pelo indicativo da quantidade de lesões, leva a crer que foi um crime motivado por algum sentimento. Precisamos esperar a perícia, o laudo não foi concluído, mas, pelas imagens, supera dez facadas. Demonstra que havia um sentimento de raiva, algum sentimento motivou o crime”, concluiu.

Segundo caso

Deleon Gomes e Maria das Graças estavam juntos há mais de um ano, segundo a família — Foto: Arquivo pessoal

Deleon Gomes e Maria das Graças estavam juntos há mais de um ano, segundo a família — Foto: Arquivo pessoal

Este foi o segundo caso de feminicídio registrado no Acre nesse domingo (9). O primeiro ocorreu em Feijó, no interior do estado. Maria das Graças Carneiro Araújo, de 57 anos, e o neto dela, Enzo Gabriel Araújo, de 6 anos, foram assassinados no Projeto Envira, zona rural do município.

O suspeito dos crimes, Deleon Gomes Carnaúba, de 37 anos, foi baleado e morto pela Polícia Militar (PM-AC) dentro de uma canoa no Rio Envira. Antes de ser morta, Maria das Graças estava cuidando da mãe doente quando recebeu uma mensagem do suspeito.

O suspeito tentava fugir de canoa pelo Rio Envira quando foi alcançado pela PM-AC. Segundo a PM-C, o homem teria usado o menino como escudo e se recursou a liberar a vítima durante as negociações.

Em determinado momento, o criminoso esfaqueou a criança e foi baleado pela polícia. Mesmo ferido, Deleon ainda desferiu mais dois golpes em Enzo, que morreu no local.

O delegado Adan Ximenes disse que os crimes foram praticados após o suspeito ter um surto psicótico por conta do uso de drogas.

CANAIS DE AJUDA PARA CASOS DE VIOLÊNCIA

A PM disponibiliza os seguintes números para que a mulher peça ajuda:

  • (68) 99609-3901
  • (68) 99611-3224
  • (68) 99610-4372
  • (68) 99614-2935

Veja outras formas de denunciar casos de violência contra a mulher:

  • Polícia Militar – 190: quando a criança está correndo risco imediato;
  • Samu – 192: para pedidos de socorro urgentes;
  • Delegacias especializadas no atendimento de crianças ou de mulheres;
  • Qualquer delegacia de polícia;
  • Disque 100: recebe denúncias de violações de direitos humanos. A denúncia é anônima e pode ser feita por qualquer pessoa;
  • Profissionais de saúde: médicos, enfermeiros, psicólogos, entre outros, precisam fazer notificação compulsória em casos de suspeita de violência. Essa notificação é encaminhada aos conselhos tutelares e polícia;
  • WhatsApp do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos: (61) 99656- 5008;
  • Ministério Público;
  • Videochamada em Língua Brasileira de Sinais (Libras)