O presidente peruano, Pedro Castillo, sobreviveu nesta segunda-feira (28) a uma votação de impeachment no Congresso que ficou aquém dos votos necessários para destituir o líder de esquerda oito meses depois que ele assumiu o cargo.
Ao todo, 55 parlamentares dos 130 no Congresso votaram a favor do impeachment, 32 votos a menos dos 87 necessários para retirar Castillo.
O resultado evita uma nova crise política no curto prazo no país, embora o governo de Castillo tenha sido turbulento de qualquer maneira, com diversas mudanças de ministros em menos de um ano no cargo.
Castillo, um ex-professor de uma família camponesa que ganhou destaque quando venceu as eleições no ano passado, vem enfrentando acusações de corrupção, que ele nega veementemente e já sobreviveu a uma tentativa de impeachment no fim do ano passado.
“Infelizmente, uma tentativa de me destituir por meio do impeachment se tornou o eixo central da agenda política e jornalística desde minha eleição; isso não pode continuar”, disse Castillo em discurso a parlamentares antes da votação.
O presidente disse que não infringiu a lei desde que assumiu o cargo e pediu unidade para lidar com a crise política e econômica, citando a invasão da Ucrânia pela Rússia como um agravante dos problemas no segundo maior país produtor de cobre do mundo.
“Estou ciente de que todos cometemos erros e temos defeitos, mas sou leal aos meus compromissos, valores e princípios”, disse ele. “Membros do Congresso, peço que votem pela democracia, votem no Peru, votem contra a instabilidade”.
Ainda assim, Castillo enfrenta um índice de aprovação em queda, que está em torno de 25%, de acordo com uma pesquisa do IEP publicada no fim de semana.
Em um sinal da pressão, promotores autorizaram operações de buscas nas casas de alguns de seus ex-funcionários e parentes que estão sob investigação por corrupção.
Manifestantes tomaram as ruas da capital Lima no fim de semana pedindo que Castillo seja afastado do cargo. “As pessoas não aguentam mais. Estamos fartos, o povo exige justiça e que todos os corruptos vão embora”, disse uma manifestante.
O país andino já teve cinco presidentes desde 2016. Em 2018, Pedro Pablo Kuczynski renunciou dois anos após assumir o cargo antes de uma votação de impeachment. Seu vice, Martín Vizcarra, sofreu impeachment em 2020. Merino, presidente do Congresso, assumiu a presidência mas renunciou oito meses depois, Francisco Sagasti ficou no cargo até a eleição de Castillo.