A biomédica Amélia Cristina Rocha Marques, de 28 anos, sobrevivente da queda do avião em Manoel Urbano, interior do Acre, no último dia 18, foi extubada, está consciente e se recuperando bem dos ferimentos. A informação foi confirmada ao g1pelo irmão de Amélia, Pedro Lucas, que a acompanha no Centro de Tratamento de Queimados em Manaus, no Amazonas.
👉 Contexto: Sete pessoas estavam a bordo da aeronave, incluindo o piloto, sendo quatro homens e três mulheres, que estavam seguindo para a cidade de Santa Rosa do Purus, distante 150 km do município de onde decolaram. Sidney Estuardo Hoyle Vega, comerciante de nacionalidade peruana, morreu no acidente, no último dia 18, e outras seis pessoas ficaram feridas
O avião Cessna Skylane 182 tinha capacidade para transportar, no máximo, quatro pessoas. Entretanto, seis passageiros e o piloto estavam dentro da aeronave no momento da queda. Além disso, a aeronave não tinha autorização para atuar como táxi aéreo.
“Ela chegou [ em Manaus] melhor que os outros, [mas] não sei qual é a situação [atual] dos outros pacientes que estão aqui no local. Ela já consegue falar, só que tem alguma dificuldade. Ela está no leito de queimados, está em processo de recuperação e segue sem previsão de alta. Ela foi extubada sábado [23] e está na UTI ainda sendo cuidada”, contou o parente.
A jovem foi transferida para Manaus no dia 21 pelo Tratamento Fora de Domicílio (TFD) em um voo particular. Ela estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Pronto Socorro de Rio Branco e aguardava melhora clínica para ser transferida a uma unidade especializada, já que no Acre não há local próprio para esse tipo de tratamento.
O centro referência em assistência a queimados de alta complexidade do Amazonas e também está tratando Valdir Roney de Souza Mendes, de 59 anos (piloto do avião), transferido na sexta (22), Suanne Camelo, de 30 anos, levada para a unidade no sábado (23), e Mateus Jeferson Fonte, de 26 anos, transferido nesse domingo (24).
A adolescente Deonicilia Salomão Kalisto Kaxinawá, de 15 anos, recebeu alta médica do hospital de Manoel Urbano. Ela é uma das passageiras que se feriu com menos gravidade. O dentista Bruno Fernando dos Santos, noivo de Amélia, que também estava no voo recebeu alta do PS de Rio Branco e está na casa da família da noiva.
Ainda segundo o irmão, os médicos ainda não especificaram que tipo de tratamento Amélia terá que fazer ao longo do processo de recuperação. “Ainda está sendo avaliada, com o passar do tempo será avaliada de novo. Por enquanto segue na UTI em recuperação, provavelmente não fará nenhum tipo de enxerto”, confirmou.
‘Com medo’
Pouco antes de embarcar no avião, Amélia chegou a dizer para uma amiga que estava com medo da viagem. Amiga de Amélia e do marido dela, o dentista Bruno Fernando dos Santos, que também estava no voo, a operadora de áudio Roberta Maria contou ao g1 sobre a conversa que teve com a vítima.
“Antes dela decolar, ela me mandou uma mensagem falando que já tava em Manoel Urbano e se preparava para decolar. Aí eu perguntei se ela tava bem, ela disse que tava com um pouco de medo”, conta Roberta, que tentou acalmar a amiga.
A biomédica estava de mudança para Santa Rosa do Purus para ficar mais perto do marido que trabalha em uma unidade de saúde no município isolado.
Sem permissão para táxi aéreo
O avião Cessna Skylane 182 que caiu após decolar de Manoel Urbano tinha capacidade para transportar no máximo quatro pessoas. Entretanto, seis passageiros e o piloto estavam dentro da aeronave no momento da queda. Além disso, o veículo, que seguia rumo a Santa Rosa do Purus, não tinha autorização para atuar como táxi aéreo.
O Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB) da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aponta que o avião registrado como ‘PTJUN’ tinha registro para serviço aéreo privado, mas não poderia ser utilizado como táxi aéreo já que estava com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) vencido desde o dia 1º de junho de 2019.
O serviço de táxi aéreo consiste em transportar passageiros a curta distância, como é o caso destas viagens intermunicipais. Na ocasião, cada passageiro paga uma quantia pela passagem e, quando alcançar a quantidade máxima de pessoas na lotação, o voo sai rumo ao destino final. Como Santa Rosa do Purus é um dos municípios isolados do estado, os meios de acesso são apenas por barco ou avião.
O g1 questionou o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) se irão investigar as causas do acidente. Em nota, o órgão disse que os investigadores do Sétimo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa VII), órgão regional do Cenipa, foram acionados para realizar a ‘Ação Inicial da ocorrência’ envolvendo a aeronave.
“Na Ação Inicial, são utilizadas técnicas específicas, conduzidas por pessoal qualificado e credenciado que realiza a coleta e a confirmação de dados, a preservação dos elementos da investigação, a verificação inicial de danos causados à aeronave, ou pela aeronave, e o levantamento de outras informações necessárias à investigação. A conclusão da investigação terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade da ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes”, complementou a nota.
De acordo com o governo do Acre, o avião caiu logo após a decolagem, a 1 quilômetro da cabeceira da pista de Manoel Urbano, e estava a caminho de Santa Rosa do Purus, distante 150 km do município onde ocorreu o acidente.