Sobreviventes da queda do avião em Manoel Urbano, ocorrida na última segunda-feira (18), podem ser encaminhados para fora do Acre para tratamento das queimaduras em um hospital com unidade de grandes queimados. Três deles tem, pelo menos, 40% do corpo queimado.
👉 Contexto: Sete pessoas estavam a bordo, incluindo o piloto, sendo quatro homens e três mulheres, que estavam seguindo para a cidade de Santa Rosa do Purus, distante 150 km do município de onde decolaram. Sidney Estuardo Hoyle Vega, comerciante de nacionalidade peruana, morreu no acidente, no final da manhã de segunda, e outras seis pessoas ficaram feridas, sendo que duas estão entubadas.
O diretor do Pronto-Socorro de Rio Branco, Lourenço Vasconcelos, diz que em conversa com o secretário de Saúde Pedro Pascoal, verifica a possibilidade da transferência assim que as vítimas mais graves estiverem estabilizadas.
“Estamos todos de prontidão, inclusive a UTI [Unidade de Terapia Intensiva]. E eles estão fluindo e espero que saiam desse quadro. [Quero] Deixar bem claro aqui, o secretário Pedro Pasqual informa que se esses pacientes estabilizarem, como são grandes queimados, o secretário está vendo para tentar transferir eles para uma unidade de grandes queimados fora do estado, caso eles tenham condições de ser transferidos”, afirma Vasconcelos.
Os pacientes que estão no Pronto-Socorro de Rio Branco são:
- Amélia Cristina, 28 anos, biomédica [está entubada, teve 70% do corpo queimado e aguarda vaga na UTI];
- Bruno Fernando dos Santos, 36 anos, dentista [estável, ele se encontra na enfermaria, com queimaduras leves e ferimento na cabeça];
- Roney de Souza Mendes, 59 anos, piloto [está na UTI e teve 40% do corpo queimado];
- Suani Camelo, 30 anos, comerciante [está na UTI e teve 80% do corpo queimado, ela veio entubada de Manoel Urbano];
- Mateus Jeferson Fonte, 26 anos [estável, ele teve queimaduras leves e foi para o centro cirúrgico fazer a limpeza dos ferimentos];
Conforme a direção do PS, os três pacientes considerados mais graves, Suani Camelo, 30 anos; Valdir Roney de Souza Mendes, 59 anos [piloto do avião]; e Amélia Cristina Rocha, 28 anos; passaram por cirurgias de desbridamento, ou seja, remoção de tecido não-viável, e estão na UTI.
Bruno Fernando dos Santos, 36 anos, e Mateus Jeferson Fonte, de 26 anos, estão estáveis, com ferimentos mais leves, e continuarão sendo acompanhados na enfermaria da unidade. Já Deonicilia Salomão Kalisto Kaxinawá, de 15 anos, cujo quadro representa menor gravidade, continua sendo assistida na Unidade Mista de Manoel Urbano.
As vítimas estão sendo atendidas por uma equipe multidisciplinar do pronto-socorro. Segundo o diretor, assim que a unidade soube do acidente, montou-se uma equipe com médicos, cirurgiões, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas para atender os feridos.
Acidente e transferência de pacientes
Na tarde dessa segunda-feira (18), a primeira vítima da queda, Suani Camelo, foi transferida de helicóptero para o Pronto-Socorro de Rio Branco em estado grave e entubada. Logo depois, outra aeronave trouxe outros três sobreviventes: o casal Amélia Cristina e Bruno Fernando, e o piloto Roney Mendes. Mateus Jeferson foi trazido para a capital de ambulância e Deonicilia ficou em Manoel Urbano.
O empresário Sidney Estuardo, vítima fatal do acidente, era pai de uma policial penal de Sena Madureira, cidade vizinha, e a direção do Presídio Evaristo de Moraes publicou uma nota de pesar.
De acordo com o governo do Acre, o avião caiu logo após a decolagem, a 1 quilômetro da cabeceira da pista de Manoel Urbano, e estava a caminho de Santa Rosa do Purus, distante 150 km do município onde ocorreu o acidente.
Sem permissão para táxi aéreo
O avião Cessna Skylane 182 que caiu após decolar de Manoel Urbano, interior do Acre, na última segunda-feira (18), tinha capacidade para transportar no máximo quatro pessoas. Entretanto, seis passageiros e o piloto estavam dentro da aeronave no momento da queda. Além disso, o veículo, que seguia rumo a Santa Rosa do Purus, não tinha autorização para atuar como táxi aéreo.
O Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB) da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aponta que o avião registrado como ‘PTJUN’ tinha registro para serviço aéreo privado, mas não poderia ser utilizado como táxi aéreo já que estava com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) vencido desde o dia 1º de junho de 2019.
O serviço de táxi aéreo consiste em transportar passageiros a curta distância, como é o caso destas viagens intermunicipais. Na ocasião, cada passageiro paga uma quantia pela passagem e, quando alcançar a quantidade máxima de pessoas na lotação, o voo sai rumo ao destino final. Como Santa Rosa do Purus é um dos municípios isolados do estado, os meios de acesso são apenas por barco ou avião.
O g1questionou o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) se irão investigar as causas do acidente. Em nota, o órgão disse que os investigadores do Sétimo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA VII), órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), foram acionados para realizar a ‘Ação Inicial da ocorrência’ envolvendo a aeronave.
“Na Ação Inicial, são utilizadas técnicas específicas, conduzidas por pessoal qualificado e credenciado que realiza a coleta e a confirmação de dados, a preservação dos elementos da investigação, a verificação inicial de danos causados à aeronave, ou pela aeronave, e o levantamento de outras informações necessárias à investigação. A conclusão da investigação terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade da ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes”, complementa a nota.