País é um raro aliado tanto de Teerã quanto de Washington
Os ataques norte-americanos contra grupos militantes iraquianos que fazem parte das forças de segurança oficiais do país demonstraram “clara determinação em prejudicar a segurança e a estabilidade no Iraque”, disse um porta-voz do primeiro-ministro do Iraque, Mohammed Shia al-Sudani, nesta quarta-feira (24).
O Iraque é um raro aliado tanto de Teerã quanto de Washington. O país, que abriga 2,5 mil soldados dos Estados Unidos e também tem milícias apoiadas pelo Irã afiliadas às suas forças armadas, tem testemunhado a escalada de ataques de retaliação desde que a guerra entre Israel e o Hamas eclodiu em outubro.
O Pentágono afirmou que os EUA realizaram bombardeios a três instalações ligadas a milícias apoiadas pelo Irã, incluindo as Brigadas do Hezbollah, após um ataque no fim de semana a uma base aérea iraquiana que feriu militares dos EUA.
“Este ato inaceitável mina anos de cooperação, viola descaradamente a soberania do Iraque e leva a uma escalada irresponsável”, declarou o porta-voz, em uma das críticas mais duras já feitas aos EUA pelo primeiro-ministro iraquiano.
As tropas dos EUA no Iraque e na Síria foram atacadas cerca de 150 vezes por combatentes afiliados ao Irã desde o início da guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o Hamas em outubro, criando pressão sobre o presidente Joe Biden para responder militarmente, apesar das sensibilidades políticas em Bagdá.
Os EUA responderam com diversos ataques, incluindo um que matou um líder de milícia pró-iraniana em Bagdá, em movimentos que levaram o Iraque a pedir uma saída acelerada, embora negociada, das tropas da coalizão lideradas pelos EUA.
Alguns dos grupos militantes apoiados pelo Irã que vêm lançando ataques contra as forças dos EUA fazem parte das Forças de Mobilização Popular (PMF) do Iraque, uma força de segurança sancionada pelo país, que começou como um grupo de milícias em 2014 para combater o Estado Islâmico.
Embora formalmente sob o comando do primeiro-ministro do Iraque, muitos dos grupos tomam decisões fora da cadeia de comando e prometeram continuar os ataques às tropas dos EUA até o fim da guerra em Gaza.
A PMF alegou que um de seus membros foi morto e outros dois ficaram feridos nos ataques noturnos que tiveram como alvo a cidade de Jurf al-Sakhar, a cerca de 50 quilômetros ao sul de Bagdá e da cidade de al-Qaim, na fronteira com a Síria.
Os Estados Unidos têm 900 soldados na Síria e 2.500 no Iraque, que atuam assessorando e ajudando as forças locais a evitar o ressurgimento do Estado Islâmico, que em 2014 tomou grande parte dos dois países, antes de ser derrotado ao longo dos anos.