Desde novembro, os rebeldes diziam que estavam atacando apenas embarcações israelenses ou que estivessem levando carga para Israel
O principal objetivo dos rebeldes Houthis neste momento é arrastar os Estados Unidos para uma participação direta no conflito em expansão no Oriente Médio.
Por isso, o grupo militante islâmico intensificou a retórica e anunciou oficialmente, nesta terça-feira (16), que vai ampliar os seus ataques na região do Mar Vermelho, incluindo a partir de agora navios e outros interesses americanos e britânicos como alvos preferenciais.
Desde novembro, os rebeldes diziam que estavam atacando apenas embarcações israelenses ou que estivessem levando carga para Israel.
Mas navios britânicos e americanos “tornaram-se alvos legítimos” devido aos ataques lançados pelos dois países contra o Iêmen na semana passada, disse Nasrudin Amer, porta-voz dos Houthis.
“O navio não precisa necessariamente estar indo para Israel para que possamos atingi-lo. Basta que seja americano”, disse Amer. “Os Estados Unidos estão à beira de perder a sua segurança marítima”, alertou o porta-voz.
Na segunda-feira (15), os rebeldes deram início à nova fase do conflito, lançando mísseis contra um destroyer militar e também contra um navio graneleiro, ambas embarcações americanas –provocando danos e um incêndio, no caso do cargueiro.
É muito provável que esses ataques sejam ampliados a partir de agora. Nesta terça-feira, mais um navio foi atingido no Mar Vermelho, desta vez um navio cargueiro grego que navegava vazio para Israel.
O cálculo do grupo islâmico é que as provocações vão forçar ainda mais retaliações do Ocidente, ampliando de vez a guerra na região – que já conta com dois teatros de batalhas em Gaza e na fronteira entre Israel e o Líbano.
Caso isso aconteça, americanos e britânicos estarão envolvidos diretamente num conflito que não desejam, mas para o qual têm poucas alternativas.
Por isso, a tentativa dos aliados ocidentais tem sido a de fazer apenas ataques pontuais para destruir parte da capacidade militar dos Houthis.
Além disso, autoridades dos EUA e do Reino Unido insistem numa retórica nada consistente de que seus bombardeios não têm relação nenhuma com a guerra em Gaza.
Na região, no entanto, esse tipo de argumento não pegou. Tanto que Catar e Arábia Saudita afirmaram que a melhor saída para a crise no Mar Vermelho é a adoção de um cessar-fogo em Gaza.
O presidente americano Joe Biden, no entanto, continua dando apoio praticamente incondicional ao governo de Benjamin Netanyahu.
Num ano eleitoral, Biden preferiria não ter que lidar com um conflito amplo no Oriente Médio. Mas também não quer parecer fraco diante do eleitorado em relação aos assuntos internacionais.
Assim, ele será forçado a responder com dureza às provocações dos grupos islâmicos apoiados pelo Irã. E essa é a melhor receita para a ampliação da guerra.