As chuvas deram uma trégua nas últimas horas e o nível do Rio Acre oscila em Rio Branco. Segundo dados da Defesa Civil do município, mais de 14,7 mil moradores tiveram que deixar suas casas por conta da enchente do manancial e estão em abrigos ou casas de parentes e amigos.
Na medição das 6h desta segunda-feira (3), o rio marcou 17,71 metros. Nesse domingo (2), o nível manancial chegou a baixar para 17,69 metros.
A enchente, que já atinge mais de cerca de 72 mil pessoas, é a maior dos últimos oito anos e já entra nas cinco maiores da história, desde quando o rio começou a ser monitorado, em 1971.
O rio passou da cota de transbordo no último dia 23 de março. Já são 11 dias que está acima da marca de 14 metros.
O levantamento da Defesa Civil aponta que pouco mais de mil famílias estão desabrigadas, com isso, cerca de 3.221 pessoas estão em um dos 36 abrigos públicos montados em Rio Branco. Além disso, 3.488 famílias com, aproximadamente, 11.510 pessoas estão desalojadas por conta da enchente.
Ao todo, 41 bairros da zona urbana de Rio Branco atingidos pela cheia do Rio Acre. Além disso, 27 comunidades rurais estão isoladas, com 7 mil pessoas de mais de 1,7 mil famílias.
Ao g1, o coordenador da Defesa Civil de Rio Branco, tenente-coronel Cláudio Falcão, disse que a expectativa é de que o manancial não volte a aumentar de nível.
“Não podemos dizer ainda que o rio está em vazante, nem que estabilizou, temos oscilações ainda. Mas, a expectativa da Defesa Civil, baseado em estudos, é que ele não deve aumentar o nível e em um segundo momento que comece a ter uma retração. Continuamos fazendo todo monitoramento da bacia”, afirmou Falcão.
Chuvas além do esperado
Março encerrou o mês com um acumulado de 585,9 milímetros de chuva. Esse número é mais que o dobro da média esperada, que era de 270,1 mm. Os dias mais chuvosos de março foram 23 e 24, quando o acumulado de chuva chegou a 187,2 milímetros em 48 horas. Estes dias foram, justamente, os que houve transbordo de igarapés e do Rio Acre.
Entre as unidades estão a Urap Augusto Hidalgo de Lima, no bairro Palheiral, a Urap Eduardo Assmar, no bairro Quinze, além da USF Triângulo Novo, USF Belo Jardim 3 e USF Aeroporto Velho.
Conforme comunicado postado nas redes sociais da prefeitura, a medida foi tomada por questão de segurança, uma vez que as águas do manancial já atingem as unidades, e deve perdurar até que a situação seja controlada.
Com a subida do Rio Acre e o acúmulo de balseiros, a Ponte Juscelino Kubitschek, conhecida como Ponte Metálica, foi interditada na noite de segunda-feira (27), em Rio Branco por medida de segurança. Enquanto isso, o tráfego na Ponte Coronel Sebastião Dantas está em mão dupla. No entanto, o Departamento Estadual de Trânsito do Acre (Detran-AC) precisou interditar a Rua 24 de Janeiro, que dá acesso ao Segundo Distrito de Rio Branco pelo Centro da cidade.
Com isso, os únicos acessos à região do 2º Distrito da capital são pela 3ª ponte, na Via Verde, e pela 4ª ponte, na Avenida Amadeo Barbosa.
Também por conta da enchente, a Secretaria Estadual de Educação suspendeu as aulas nas escolas públicas estaduais da capital por tempo indeterminado. A Secretaria Municipal de Educação de Rio Branco também suspendeu as aulas.
Seis municípios acreanos decretaram situação de emergência: Rio Branco, Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia, Xapuri e Sena Madureira. No sábado (25), o governo federal reconheceu a situação de emergência em Rio Branco por causa dos estragos causados pelas chuvas e nessa quarta (29) fez o reconhecimento da situação de emergência de Brasiléia, Assis Brasil e Xapuri.
No domingo (26), os ministros da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, a ministra do Meio Ambiente Marina Silva e o secretário nacional da Defesa Civil, Wolnei Wolff, chegaram ao Acre para um sobrevoo pelas áreas alagadas. Eles percorreram os bairros, conversaram com moradores e garantiram a liberação imediata de R$ 1,4 milhão para ajuda humanitária.