Polyvios Kossivas e Vanderlei Cordeiro de Lima no Prêmio Brasil Olímpico de 2004 — Foto: COB
Morreu na última semana, aos 71 anos, o grego Polyvios Kossivas, torcedor que ficou famoso em 2004 ao ajudar o atleta brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima durante a maratona olímpica dos Jogos de Atenas. Nesta quarta-feira o Comitê Olímpico do Brasil (COB) emitiu nota de pesar confirmando a morte do grego.
Polyvios Kossivas foi protagonista de um dos mais importantes capítulos da história do esporte olímpico brasileiro. Então um anônimo na multidão que acompanhava a prova, ele viu que Vanderlei Cordeiro de Lima, então líder da corrida, havia sido derrubado pelo ex-padre irlandês Cornelius Horan e ajudou o brasileiro a retornar para o percurso. Vanderlei acabaria a maratona com a medalha olímpica de bronze.
– Recebi a notícia do falecimento do Polyvios Kossivas com profundo pesar. Uma pessoa que eu nunca imaginei conhecer e acabou fazendo parte da minha vida com uma nobre atitude na maratona olímpica de Atenas, em 2004. Ele foi o primeiro a me socorrer e rapidamente me ajudou a voltar para a prova. Serei eternamente grato. Descanse em paz – escreveu Vanderlei Cordeiro de Lima nas redes sociais.
Naquele dia, Polyvios invadiu a pista, empurrou o agressor e permitiu que Vanderlei continuasse na prova para terminar na terceira posição. Semanas depois, o fundista brasileiro receberia a medalha Pierre de Coubertin, dedicada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) a quem melhor representa os valores olímpicos. Vanderlei é, até hoje, o único a ter recebido a comenda.
Nos Jogos Olímpicos do Rio 2016, Vanderlei foi o responsável por acender a pira olímpica na cerimônia de abertura no Maracanã.
– Naquele momento, Polyvios Kossivas se transformou em um herói do esporte olímpico nacional, por uma atitude que é lembrada e reverenciada até hoje no Brasil e no mundo. O COB lamenta a morte de Polyvios e gostaria de transmitir o mais profundo sentimento aos seus familiares – afirmou o Presidente Paulo Wanderley, em nota divulgada pelo COB.
Em 2004, meses depois dos Jogos Olímpicos de Atenas, Polyvios Kossivas esteve no Rio a convite do COB e foi homenageado no Prêmio Brasil Olímpico daquele ano. Durante a premiação, o grego subiu ao palco, reencontrou Vanderlei Cordeiro de Lima pela primeira vez desde o episódio na Grécia, e recebeu o troféu das mãos do maratonista.
– Ele era um homem simples, generoso, carinhoso e altruísta. Adorava minha mãe [Ioulia] e eu. Ele me criou me dando tudo generosamente. Era um viciado em trabalho, incansável, sem nunca reclamar. Acordava todos os dias às 6h. Era respeitado por todos – escreveu Smaragda Tsirka, filha de Polyvios, ao COB, nesta semana.