Cruzeiro do Sul, Acre 28 de novembro de 2024 17:53

Em 10 anos, 32 pessoas tentaram se registrar como médicos usando diplomas falsos em São Paulo

Nos últimos dez anos, 32 pessoas que se apresentaram como novos médicos ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) acabaram com os nomes em registros policiais por suspeita de uso de documentos falsos.

A pedido do g1, o Cremesp e o Coren-SP (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo) levantaram a quantidade de suspeitos que tentaram se cadastrar para obter os registros destinados apenas aos graduados com anos de estudo; em relação ao Coren, foram 12 casos só em 2022.

O que você precisa saber:

  • 32 pessoas apresentaram diplomas ou certificados falsos em 10 anos ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo;
  • A intenção delas era conseguir o CRM, o registro profissional que equivale ao CPF;
  • Documentação protocolada por elas foi checada com unidades de ensino superior e as graduações negadas;
  • g1 detalhou cinco dos 32 casos investigados pelo Cremesp;Suspeitos reconheceram o crime ou disseram terem sido vítimas de golpes;
  • Coren-SP (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo) também levantou para o g1 documentos falsos com erros básicos.

Os documentos analisados usam nomes de diretores de unidades de ensino reais, mas com montagens falsificadas, segundo apurações dos dois órgãos.

Alguns são supostamente carimbados com selo do Ministério da Educação, mas têm erros de português ou de formatação básica.

Cinco pessoas suspeitas foram procuradas pelo g1 .

De acordo com o diretor primeiro-secretário do Cremesp, Angelo Vattimo, dois setores analisam dados de pessoa física ou jurídica.

“O setor é muito bem estruturado, tem uma metodologia muito eficiente de controle. Sinceramente, as pessoas que têm essa ousadia de tentar registrar um diploma falso seguramente não vão ser bem-sucedidas. Temos vários níveis de checagem, então não basta trazer o documento e achar que vai ser registrado”, afirmou.

Uma das checagens é a confirmação com a instituição que emitiu o documento. Quando a farsa é confirmada, o procedimento é cancelado e é registrado um boletim de ocorrência por uso de documento falso.

“Queremos é desencorajar. Não adianta vir, não vai conseguir. Nós não vamos registrar e vamos usar todas as alternativas legais para essa pessoa ser processada e responsabilizada”, afirma.

Falso médico com atendimentos

Diploma falso de Gerson Lavísio — Foto: Reprodução

O falso médico Gerson Lavísio está na lista do Cremesp. Sem nenhuma formação, ele chegou a trabalhar como socorrista na Rodovia Presidente Dutra, uma das maiores do país, e foi descoberto após determinar a amputação da perna de um acidentado, em março de 2022. Ele apresentava apenas o protocolo recebido quando se entrega os documentos ao conselho. O paciente foi levado e atendido por médicos na unidade de saúde e sobreviveu.

Durante o atendimento à CCR, concessionária que administra a Dutra, os colegas disseram que ele errou em procedimentos básicos.

Em outro caso, Lavísio atuou por duas horas em 3 de março de 2022, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Votorantim, após ser contratado por uma empresa terceirizada. Na ocasião, o caso foi descoberto por funcionários da unidade de saúde, e ele foi denunciado.

Gerson Lavísio, falso médico — Foto: André Bias/ TV Vanguarda

Ele já havia cometido o mesmo crime em uma unidade de saúde de São Paulo. Além de mentir sobre a formação, ele fez uma lista de vítimas se passando por pastor evangélico, missionário na África, coach cristão e namorado, com mais de uma companheira ao mesmo tempo.