A vida do técnico Tite não está nada fácil nesta reta final de definição dos convocados para a Copa do Mundo, que será disputada a partir do próximo dia 20, no Catar. Na próxima segunda-feira, às 13h (horário de Brasília), o treinador vai divulgar a lista dos 26 jogadores que vão defender o Brasil no Mundial. E a ansiedade tem acompanhado o comandante da seleção brasileira. Em entrevista ao Esporte Espetacular, que vai ao ar na íntegra no próximo domingo, ele revelou que tem acordado no susto durante a madrugada e quem tem sofrido é a esposa Rose.
— A única que está acostumada e sabe relatar isso tudo é a minha esposa. Começo a chutar ela de madrugada, a adrenalina sobe e ela fala: calma, te acalma. Daqui a pouco chega em determinado momento no meio da noite, nesses dias que antecedem (a lista)… Quatro horas da manhã acordei, olho e são quatro horas da manhã. Eventualmente tenho esses estalos, né? Você vai dormir um pouquinho antes, prolonga o sono, expectativa. Volto a dizer, eu sou humanista por excelência. Há o atleta, mas antes tem o homem, o caráter, o filho, o pai, o ser humano que deve ser respeitado. Faço questão de externar isso, essa gratidão a todos os atletas que fizeram parte desse conjunto. As escolhas vão acontecer, elas são técnicas, mas elas têm o respeito pessoal muito grande.
Tite também contou que quase desistiu de seguir no comando da seleção brasileira após a derrota do Brasil para a Bélgica por 2 a 1, nas quartas de final da Copa da Rússia. Segundo ele, conversas com os familiares foram fundamentais para ele decidir seguir por mais quatro anos e fechar o ciclo para o Mundial no Catar.
— Por que ia passar de novo? Eu pensei: são quatro anos. Quatro anos é tempo para caramba até a Copa do Mundo. Eu vou buscar sempre ter a capacidade de buscar o melhor, a busca é uma característica minha, a inquietude do saber, de ler, de buscar informações. São quatro anos, demorado, a cultura do futebol brasileiro será que vai me permitir ter essa paciência ou compreender esse processo todo para chegar em quatro anos. Andei do posto seis ao posto treze (na praia da Barra da Tijuca), ao posto oito umas 500 vezes. Falei com a minha esposa mais um monte, falei com os meus irmãos, com os meus filhos. E dessa exposição toda que traz, o prazer muito grande, uma realização, uma pressão. E aí decidi. Mas nesse momento eu balancei para poder aceitar.
O treinador foi além e revelou quem foi a inspiração para ele tomar a decisão de seguir no comando da seleção brasileira.
— Um argumento que a minha filha me disse: pai, você é construtor de equipe, todos os trabalhos que você teve sucesso você teve começo, meio e fim. Agora está tendo a possiblidade e não vai querer. Você pegou antes que era mais difícil. Período de recuperação, equipe que era sexta colocada. Você jogou toda a sua carreira em risco, se não classifica para o Mundial você seria taxado como primeiro técnico que não classificou para o Mundial em toda a história. Não vou te encorajar para criar todo um processo? Fora isso, a condição de manter em tempo integral uma comissão técnica, com fisiologista, preparador físico, que hoje se integram e tem canal de comunicação com todos os clubes. Com técnico que fala com os técnicos adversários, que acompanha jogos, que acompanha in loco, que acompanha em tempo integral. Foi nos dada uma estrutura profissional para poder desenvolver…
No comando da seleção brasileira desde agosto de 2016, Tite já disputou 76 jogos. Foram 57 vitórias, 18 empates e 5 derrotas, com aproveitamento de 81,14%. Neste domingo, o Esporte Espetacular vai mostrar o bate-papo exclusivo com o treinador. Além da insônia e dos motivos que o levaram a seguir para o ciclo de 2022, ele ainda disse o que o torcedor pode esperar do time no Mundial.