Cruzeiro do Sul, Acre 29 de novembro de 2024 20:29

MP pede que fiança de R$ 242 mil paga por zagueiro Renan seja destinada à família de motociclista morto em acidente

O Ministério Público (MP) pediu que a fiança de R$ 242 mil paga pelo zagueiro Renan Silva seja destinada à família de Eliezer Pena, motociclista que morreu no acidente causado pelo jogador em Bragança Paulista.

O pedido é do promotor Rogério Filócomo e foi feito após a fiança ser paga na manhã desta terça-feira (26). Renan está em liberdade provisória e precisa avisar a Justiça sobre mudanças de endereço e não pode deixar o país. Ele também entregou o passaporte à Polícia Civil nesta terça.

O dinheiro pago pode ser reavido pelo acusado caso a Justiça julgue ele como inocente no caso. Porém, caso a Justiça aceite o pedido do MP, a verba pode já ser ser destinada à família da vítima e pode vir a ser configurada como um pagamento prévio de indenização, caso os parentes entrem com uma ação no futuro.

“Atuei por 24 anos como promotor criminal e este caso será analisado com o mesmo rigor. Ele [o jogador] terá a chance de se defender e a promotoria vai buscar a responsabilização cabível, inclusive verificar se cabe o dolo eventual”, explica o promotor Rogério Filócomo ao g1.

O jogador disse que teve de se mudar da cidade após ameaças de morte. A defesa do comunicou à justiça de que ele mudou de endereço depois de receber ameaças em frente ao condomínio onde morava.

O aviso à Justiça foi feito pela defesa após a concessão de liberdade, dada no último sábado (23). A decisão de liberdade impôs pagamento de fiança de R$ 242 mil e restrições, como não deixar a cidade sem a comunicação à justiça e apreensão do passaporte para que não deixe o país.

No processo, a defesa alegou que moradores descobriram o endereço do jogador em Bragança Paulista, onde estava morando para representar o Bragantino, time para o qual estava emprestado.

Renan segue respondendo ao processo em liberdade e o caso é investigado.

Liberdade provisória

Renan ficou pouco mais de 24h detido. A defesa apresentou à Justiça argumentos de que o jogador é réu primário, não tendo cometido outros crimes, e que estava colaborando com as investigações.

O pedido foi acatado pela Justiça que deu permissão para o jogador respondesse ao processo em liberdade. A decisão é provisória, pode ser mudada ao longo do processo, e impõe uma série de regras para que seja mantida. Entre elas, que entregue seu passaporte à Polícia Federal, para que não deixe o pais; e não frequentar bares ou casas noturnas.

O g1 teve acesso ao contrato do jogador, que recebia R$ 84 mil ao mês. Com isso, a fiança de 200 salários representa, na verdade, três salários do jogador.


Foto: Lucas Rangel/TV Vanguarda

Sem habilitação e sob efeito de álcool

Após o acidente, a Polícia Rodoviária Estadual (PRE) esteve no local e constatou no atendimento que o jogador tinha odor de álcool, além de haver uma garrafa de bebida próximo ao veículo. Os agentes pediram que ele fizesse o teste do bafômetro, mas Renan se recusou e foi levado à delegacia.

De acordo com a Polícia Civil, o jogador contou aos policiais que antes do acidente havia passado a madrugada em uma festa em Campinas e confessou ter bebido no local.

Além disso, Renan não tinha habilitação. De acordo com a PRE, ele tinha uma permissão para dirigir, que é feita antes do documento oficial. No entanto, no período em que se está com a permissão, não é permitido cometer infrações, sob pena de perda, o que aconteceu com o jogador.

Com isso, foi indiciado por indiciado por homicídio culposo – quando não há a intenção de matar – com qualificadora de dirigir sem habilitação e sob efeito de álcool. A pena dos crimes não permite fiança e, assim, foi mantido preso.

O acidente


Foto: Lucas Rangel/TV Vanguarda

O acidente aconteceu por volta das 6h30 na rodovia na Rodovia Alkindar Monteiro Junqueira. De acordo com a polícia, Renan seguia no carro quando invadiu a pista contrária e atingiu o motociclista. A vítima, Eliezer Pena, 38 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu no local.

Eliezer era casado e pai de duas filhas pequenas. Ele havia começado no novo trabalho na semana passada. Nas redes sociais, amigos e familiares lamentaram a morte dele.

O patrão, que já era amigo de partidas de futevôlei aos finais de semana, se revoltou ao ver o jogador na porta da delegacia. A cena foi registrada em um vídeo que viralizou.

O corpo da vítima é velado no velório municipal no sábado (23) e o enterro está previsto para 14h no Cemitério da Saudade.